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Reino Unido e EUA entram em alerta máximo sobre possível acordo nuclear entre Irã e Rússia

A troca de tecnologia nuclear por mísseis balísticos entre Moscou e Teerã levanta preocupações sobre o avanço das capacidades nucleares iranianas

Joe Biden e Vladimir Putin (Foto: Reuters | Reprodução)

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247 – O Reino Unido e os Estados Unidos manifestaram preocupações crescentes com a possibilidade de que a Rússia esteja compartilhando segredos nucleares com o Irã. Em troca, Teerã estaria fornecendo mísseis balísticos a Moscou, utilizados na guerra contra a Ucrânia. A cooperação militar entre os dois países, que já havia levantado suspeitas, agora está sendo amplamente discutida entre os líderes ocidentais, segundo reportagem do The Guardian.

Durante uma cúpula em Washington, o presidente dos EUA, Joe Biden, e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, reconheceram o fortalecimento da cooperação entre Irã e Rússia em um momento crucial. A preocupação gira em torno da crescente capacidade do Irã em enriquecer urânio, o que poderia levá-lo a atingir um de seus objetivos mais antigos: a construção de uma bomba nuclear.

Aliança estratégica em desenvolvimento

Fontes britânicas indicaram que, durante o encontro, foi ventilada a preocupação de que o Irã esteja trocando mísseis por tecnologia nuclear. Essa suspeita faz parte de uma aliança em expansão entre Teerã e Moscou, que há tempos desafia as potências ocidentais. Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, em visita a Londres na semana passada, já havia destacado essa crescente parceria. "Por parte da Rússia, está havendo a partilha de tecnologia que o Irã deseja, e isso inclui questões nucleares e informações sobre o espaço", afirmou Blinken.

Ele também acusou ambos os países de estarem envolvidos em atividades desestabilizadoras que geram "ainda mais insegurança" ao redor do mundo. A troca de tecnologia entre os dois países tem potencial para acelerar os esforços do Irã em obter uma arma nuclear, embora Teerã negue que esse seja o objetivo.

Crescimento do estoque de urânio

Na semana passada, França, Reino Unido e Alemanha emitiram uma declaração conjunta alertando que o estoque de urânio enriquecido do Irã "continuou a crescer significativamente, sem qualquer justificativa civil credível". O acúmulo de quatro quantidades significativas de material nuclear levanta preocupações sobre o quão próximo o Irã está de alcançar a capacidade de construir uma arma nuclear.

Embora ainda existam dúvidas sobre o quão rápido o Irã poderia fabricar uma bomba, o fato de contar com o apoio técnico da Rússia pode acelerar esse processo, potencialmente mudando o equilíbrio de poder na região do Oriente Médio.

Um acordo abandonado e suas consequências

Em 2015, o Irã havia fechado um acordo nuclear com os EUA e outras potências ocidentais, no qual se comprometia a interromper o desenvolvimento de armas nucleares em troca de alívio de sanções. No entanto, o acordo foi abandonado unilateralmente em 2018 pelo então presidente dos EUA, Donald Trump.

A possibilidade de que o Irã esteja próximo de construir uma arma nuclear tem sido fonte de preocupação constante entre os países ocidentais, agravando as tensões no Oriente Médio. Israel, que vê o Irã e seu aliado Hezbollah como ameaças diretas, está particularmente alarmado com o desenvolvimento nuclear iraniano. "O progresso do Irã em direção a uma bomba é uma ameaça direta à nossa existência", afirmou um porta-voz do governo israelense.

Crescente cooperação militar entre Irã e Rússia

Após o início da invasão em larga escala da Ucrânia, a aliança entre Irã e Rússia se intensificou. O Irã começou a fornecer drones Shahed para a Rússia, ajudando Moscou a construir uma fábrica dedicada à produção desses equipamentos. Esses drones têm sido utilizados amplamente para bombardear alvos ucranianos. Em abril deste ano, o Irã lançou um ataque com mísseis e drones de estilo russo contra Israel, que foi interrompido com a ajuda dos EUA e do Reino Unido.

Recentemente, os EUA confirmaram que mísseis balísticos iranianos Fath-360, capazes de atingir alvos a até 120 km de distância, foram entregues à Rússia. Esses mísseis podem ser usados para atacar cidades ucranianas na linha de frente, o que levou a uma reavaliação estratégica no Ocidente, além de novas sanções econômicas.

O encontro Biden-Starmer

A cúpula em Washington entre Starmer e Biden visava discutir amplamente questões de segurança global, incluindo a guerra na Ucrânia, a crise no Oriente Médio, o Irã e a crescente competição com a China. Entre os participantes da reunião estavam o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o conselheiro de segurança nacional britânico, Tim Barrow. Segundo Starmer, o encontro proporcionou uma "discussão ampla sobre estratégia" e o alinhamento entre os dois países em questões-chave.

Uma questão central foi a permissão para que a Ucrânia utilize mísseis Storm Shadow, de longo alcance, fabricados pela França e Reino Unido, em alvos dentro da Rússia. O uso dessas armas, no entanto, depende da aprovação dos EUA, devido à presença de componentes americanos no armamento.

O fortalecimento das relações entre Irã e Rússia, incluindo a troca de mísseis por segredos nucleares, coloca o Ocidente em alerta máximo. A possibilidade de que o Irã avance no desenvolvimento de uma arma nuclear, com o apoio técnico da Rússia, pode ter consequências profundas não apenas para o Oriente Médio, mas para a estabilidade global.

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