Alto Comissário da ONU denuncia uso da fome como arma de guerra por Israel em Gaza

247 - O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, acusou Israel de utilizar a fome como método de guerra na Faixa de Gaza. A denúncia foi feita durante sessão do Conselho de Segurança da ONU nesta quinta-feira (3), em uma contundente advertência sobre as graves violações de direitos humanos no território  palestino. As informações são da HispanTV.

Segundo Türk, o bloqueio total imposto por Israel há mais de um mês — que impede a entrada de alimentos, água, combustível, eletricidade e medicamentos — representa uma punição coletiva contra a população de Gaza e “pode equivaler ao uso da fome como método de guerra”. Ele destacou que a situação humanitária é catastrófica e afeta toda a população do território sitiado. 

“Não há justificativa para a punição coletiva do povo palestino”, afirmou o Alto Comissário. A fala ocorre no momento em que se completa um mês do fechamento de todas as passagens de fronteira para ajuda humanitária, apesar de um cessar-fogo previamente acordado com o movimento Hamas, que controla Gaza desde 2007.

A denúncia de Türk soma-se ao crescente clamor internacional por um cessar-fogo imediato. Organismos internacionais e organizações de direitos humanos vêm alertando para o agravamento da crise, em que milhares de pessoas — especialmente crianças — enfrentam desnutrição aguda e doenças por falta de atendimento básico.

Além da crise alimentar, o Alto Comissário criticou duramente declarações de autoridades israelenses que sugerem a expulsão de palestinos de Gaza, a anexação de territórios e o redesenho forçado das fronteiras. “Essa retórica inflamatória levanta sérias preocupações sobre a prática de crimes internacionais e viola o princípio fundamental do direito internacional contra a aquisição de território pela força”, disse Türk.

Ele também condenou os repetidos ataques israelenses contra trabalhadores humanitários. Segundo dados citados pelo comissário, 15 profissionais de saúde foram mortos recentemente em bombardeios. “Ataques deliberados contra civis e trabalhadores humanitários podem configurar crime de guerra”, advertiu, exigindo uma investigação internacional rápida, independente e transparente para responsabilizar os autores dessas ações.

Türk ainda denunciou os contínuos bombardeios aos campos de deslocados palestinos e as ordens de evacuação emitidas por Israel, que, segundo ele, não atendem aos requisitos do direito humanitário internacional. Em meio ao colapso do sistema de saúde e à destruição de infraestruturas civis, ele fez um apelo urgente: “É necessário restabelecer imediatamente o cessar-fogo e garantir acesso humanitário irrestrito a toda Gaza”.

A ofensiva israelense contra a Faixa de Gaza, iniciada em outubro de 2023, já deixou pelo menos 50.523 mortos e mais de 114.776 feridos, de acordo com os dados mais recentes do Ministério da Saúde de Gaza. A maioria das vítimas são mulheres, crianças e idosos.

O Alto Comissário finalizou sua intervenção com um alerta severo à comunidade internacional: “Há um risco crescente e significativo de crimes de atrocidade sendo cometidos nos Territórios Palestinos Ocupados. A omissão diante dessa realidade pode comprometer os fundamentos do direito internacional”.

A fala de Volker Türk reforça o apelo por uma resposta firme da ONU diante da escalada de violência e das violações sistemáticas contra o povo palestino. Enquanto os bombardeios prosseguem, cresce a pressão global para que Israel suspenda o cerco, permita ajuda humanitária e seja responsabilizado por possíveis crimes de guerra.