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    Brasil busca apoio do Sul Global para blindar a COP30 de Donald Trump

    Com ajuda de opositores de Trump dentro dos EUA, Brasil quer formar uma coalizão para pressionar por um texto final com compromissos climáticos claros

    Lula cumprimenta embaixador André Corrêa do Lago, anunciado como presidente da COP30 - 21/01/2025 (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)
    Guilherme Levorato avatar
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    247 - A perspectiva de que Donald Trump atue para esvaziar a Cúpula do Clima (COP30) levou o governo Lula (PT) a reformular sua estratégia para o evento. O Palácio do Planalto busca intensificar parcerias com o chamado 'Sul Global', a fim de compensar uma possível resistência dos Estados Unidos a novos compromissos ambientais, segundo o jornal O Globo.

    A estratégia do governo brasileiro é montar uma coalizão de países emergentes capaz de pressionar por metas concretas, como o pagamento efetivo de ajuda climática a nações em desenvolvimento e a aceleração na redução de emissões de carbono. Com esse movimento, o Brasil também busca evitar que outros países sigam o exemplo de Trump e enfraqueçam acordos ambientais.

    O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, alerta que a postura dos EUA pode fomentar divisões internas sobre a realidade da mudança climática, mas também vê oportunidades. "O Sul Global poderá ganhar mais voz e, com isso, dar forma a uma resposta à crise climática que atenda às nossas prioridades e necessidades, que seja feita de modo sinérgico com o desenvolvimento econômico e a redução das desigualdades sociais", declarou.

    EUA sob Trump e o impacto na COP30 - A diplomacia brasileira não trabalha com o cenário de uma ausência total dos Estados Unidos na COP30, programada para novembro de 2025 em Belém, no Pará. O país segue como signatário da Convenção do Clima da ONU, e a saída formal do Acordo de Paris, defendida por Trump, não ocorre de imediato. Ainda assim, a expectativa no Itamaraty é que os EUA enviem apenas representantes de escalão inferior, o que poderia comprometer o andamento das negociações e enfraquecer um possível acordo ambicioso.

    Segundo diplomatas, a primeira amostra da postura americana será vista na reunião ministerial do G20, que ocorre em breve. O grau de envolvimento dos EUA indicará se o governo Trump pretende boicotar foros multilaterais ou manter algum nível de participação.

    Brasil aposta no pragmatismo e amplia frentes de negociação - Para minimizar a resistência dos EUA, o governo Lula adotou uma estratégia de três frentes: consolidar alianças com o Sul Global, dialogar com o setor produtivo americano e fortalecer laços com governadores dos EUA comprometidos com a agenda climática.

    A China desponta como principal parceira do Brasil nessa empreitada, não apenas por seu enfrentamento geopolítico com os EUA, mas também por seu investimento em economia verde. O país é líder na produção de veículos elétricos e energia solar, o que fortalece seu interesse em compromissos climáticos globais. Já a Índia, apesar de desafios internos, é considerada um parceiro essencial para viabilizar essa coalizão.

    A construção de um bloco robusto de aliados também visa evitar que outros países sigam os passos de Trump e endureçam o discurso contra compromissos ambientais. A Argentina de Javier Milei é um ponto de atenção. O presidente argentino retirou a delegação do país da COP29 e dificultou acordos na Cúpula do G20.

    Cúpula do BRICS e agenda global para a COP30 - A Cúpula do BRICS, marcada para julho no Rio de Janeiro, ganhou ainda mais importância dentro da estratégia brasileira. Um dos principais temas do encontro será a crise climática, sugerido pelo Brasil. O governo Lula pretende sair da reunião com um compromisso firme do BRICS em relação à COP30.

    O climatologista Carlos Nobre reforça que a COP de Belém será um marco histórico. "Já está claro que a COP de Belém será a mais importante das 30 COPs. Ninguém previa que a elevação da temperatura global ocorreria na velocidade que estamos vendo. Será preciso algo muito ambicioso. Com a eleição de um presidente negacionista nos EUA, os países terão de se comprometer ainda mais para compensar. A China, por exemplo, vai ter de assumir esse espaço", avalia.

    O governo brasileiro também pretende usar outras plataformas internacionais para impulsionar sua agenda climática. Em junho, Lula participará da Conferência da ONU sobre o Oceano, na França, e terá uma reunião bilateral com Emmanuel Macron, colocando o clima no centro das discussões. No Brasil, abrirá a Cúpula Brasil-Caribe, buscando apoio das nações insulares ameaçadas pela elevação do nível do mar.

    Em setembro, Lula planeja focar seu discurso na Assembleia-Geral da ONU nos desafios climáticos. A estratégia é chegar a Nova York com pontos avançados de negociação para reforçar a pressão global antes da COP30.

    Com essa movimentação diplomática e um pragmatismo inédito, o governo brasileiro busca transformar o evento em Belém em um marco global para o combate à mudança climática, mesmo diante do desafio representado pelo possível retorno de Trump à Casa Branca.

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