Chefe de política externa da UE diz que Europa deve "liderar o mundo livre" após Trump humilhar Zelensky

247 - A ex-primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, que atua como chefe de política externa da União Europeia (UE), afirmou nesta sexta-feira (28) que a Europa deve assumir a liderança do "mundo livre", após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter protagonizado um bate-boca com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, durante um encontro tenso na Casa Branca. As declarações de Kallas foram feitas em um post no X (antigo Twitter), onde ela reiterou o apoio da UE à Ucrânia e destacou a necessidade de aumentar o suporte ao país em sua resistência contra a invasão russa.

"Ucrânia é Europa! Estamos ao lado da Ucrânia. Aumentaremos nosso apoio para que eles possam continuar a lutar contra o agressor. Hoje ficou claro que o mundo livre precisa de um novo líder. Cabe a nós, europeus, assumir esse desafio", escreveu Kallas.

Repercussão do confronto - O encontro entre Trump e Zelensky, que deveria ser uma oportunidade para discutir o apoio americano à Ucrânia, terminou em uma discussão acalorada diante da imprensa. Trump criticou Zelensky por sua postura, acusando-o de desrespeitar os Estados Unidos e de não estar pronto para a paz. "Resolvi que o presidente Zelensky não está pronto para a paz se a América estiver envolvida", escreveu Trump em sua rede social, Truth Social, após o encontro. "Ele pode voltar quando estiver pronto para a paz."

Durante a reunião, Trump pressionou Zelensky a aceitar um acordo rápido para encerrar a guerra, ameaçando retirar o apoio dos EUA caso o líder ucraniano não cooperasse. "Ou você faz o acordo, ou estamos fora. E, se sairmos, você luta sozinho. Eu não acho que vai ser muito bonito", disse Trump. O presidente americano também criticou Zelensky por não demonstrar gratidão pelo apoio dos EUA, afirmando que o líder ucraniano estava "jogando baralho com as vidas de milhões de pessoas".

Zelensky, por sua vez, defendeu a necessidade de resistir à Rússia e alertou Trump sobre os riscos de negociar com o presidente russo, Vladimir Putin. "Você não deve estabelecer compromissos com um assassino", disse Zelensky, em referência a Putin. O líder ucraniano também ressaltou que a Ucrânia continua dependente do apoio militar e financeiro dos EUA para enfrentar a Rússia, que controla cerca de um quinto do território ucraniano.

Solidariedade europeia à Ucrânia - Após o confronto na Casa Branca, líderes europeus manifestaram apoio a Zelensky e à Ucrânia. O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que "há um agressor: a Rússia" e que a Ucrânia está lutando por sua dignidade e pela segurança da Europa. O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, também expressou solidariedade, dizendo: "Vocês não estão sozinhos".

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa, emitiram uma declaração conjunta em apoio a Zelensky: "Sua dignidade honra a bravura do povo ucraniano. Seja forte, seja corajoso, seja destemido. Você nunca está sozinho."

O chanceler alemão, Olaf Scholz, destacou que "ninguém quer mais a paz do que os ucranianos", enquanto o líder conservador alemão Friedrich Merz, que deve suceder Scholz, afirmou: "Estamos ao lado da Ucrânia em tempos bons e difíceis. Nunca devemos confundir agressor e vítima nesta terrível guerra."