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    Chefe do exército do Líbano é eleito presidente

    O Líbano estava sem chefe de Estado desde 2022

    General Joseph Aoun é eleito presidente do Líbano (Foto: Reuters)

    Reuters – O parlamento do Líbano elegeu, nesta quinta-feira (9), o chefe do exército Joseph Aoun como presidente da República, preenchendo a presidência vaga com um general apoiado pelos EUA.

    Em um discurso na câmara, Aoun, de 60 anos, prometeu trabalhar para garantir que o Estado tenha o direito exclusivo de portar armas, recebendo aplausos calorosos, enquanto parlamentares do Hezbollah – que mantém forças armadas próprias – permaneceram em silêncio.

    Ele prometeu reconstruir o sul do Líbano e outras partes do país que, foram destruídas por Israel, além de evitar ataques israelenses ao Líbano, que já estava mergulhado em crises econômicas e políticas profundas antes do conflito mais recente. "Hoje começa uma nova fase na história do Líbano", declarou.

    A eleição indica uma retomada da influência saudita em um país onde o papel de Riad havia sido eclipsado pelo Irã e pelo Hezbollah há muito tempo.

    O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, parabenizou o Líbano, afirmando na plataforma X que esperava que a eleição de Aoun contribuísse para a estabilidade e relações de boa vizinhança.

    A embaixadora dos EUA, Lisa Johnson, presente na sessão, disse à Reuters estar "muito satisfeita" com a eleição de Aoun.

    A presidência, reservada para um cristão maronita no sistema de divisão sectária de poder do Líbano, estava vaga desde o fim do mandato de Michel Aoun, em outubro de 2022, devido à incapacidade de facções profundamente divididas chegarem a um consenso sobre um candidato que obtivesse votos suficientes no parlamento de 128 cadeiras.

    Joseph Aoun não alcançou os 86 votos necessários na primeira rodada de votação, mas ultrapassou o limite com 99 votos na segunda rodada, após parlamentares do Hezbollah e seu aliado xiita, o Movimento Amal, apoiarem sua candidatura.

    O parlamentar do Hezbollah Mohammed Raad afirmou que, ao atrasar o apoio a Aoun, o grupo "enviou uma mensagem de que somos os guardiões do consenso nacional".

    O apoio a Aoun ganhou força na quarta-feira, quando o candidato favorito do Hezbollah por muito tempo, Suleiman Frangieh, retirou-se e declarou apoio ao comandante do exército. Paralelamente, enviados franceses e sauditas realizaram reuniões em Beirute, incentivando sua eleição em conversas com políticos, disseram três fontes políticas libanesas.

    Uma fonte próxima à corte real saudita afirmou que enviados da França, Arábia Saudita e EUA disseram ao presidente do Parlamento, Nabih Berri, aliado próximo do Hezbollah, que a assistência financeira internacional – incluindo da Arábia Saudita – dependia da eleição de Aoun.

    "Há uma mensagem muito clara da comunidade internacional de que estão prontos para apoiar o Líbano, mas isso exige um presidente e um governo", disse Michel Mouawad, parlamentar cristão opositor ao Hezbollah que votou em Aoun, à Reuters.

    A eleição de Aoun é um primeiro passo para reviver as instituições governamentais em um país que não tinha nem chefe de Estado nem um gabinete plenamente funcional desde a saída de Michel Aoun do cargo.

    O Líbano, cuja economia ainda sofre com o colapso financeiro de 2019, precisa urgentemente de ajuda para reconstruir após a guerra, que o Banco Mundial estima ter custado ao país US$ 8,5 bilhões.

    Grande parte dos danos está em áreas de maioria xiita, onde o Hezbollah encontra seu principal apoio. O grupo tem apelado por apoio árabe e internacional ao Líbano.

    Pelo sistema de governo libanês, cabe agora a Aoun convocar consultas com parlamentares para nomear um primeiro-ministro muçulmano sunita, que deverá formar um novo gabinete – processo que frequentemente é prolongado por barganhas sobre cargos ministeriais entre as facções.

    A França afirmou que a eleição abriu uma nova página para o Líbano.

    "Essa eleição deve agora ser seguida pela nomeação de um governo forte, capaz de realizar as reformas necessárias para a recuperação econômica, estabilidade, segurança e soberania do Líbano", declarou Christophe Lemoine, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da França.

    Os títulos internacionais do Líbano, que estão em default desde 2020, subiram após o anúncio da vitória de Aoun.

    Aoun desempenhou um papel fundamental na consolidação de um cessar-fogo entre o Hezbollah e Israel, mediado por Washington e Paris em novembro. Os termos preveem o deslocamento do exército libanês para o sul do país, enquanto tropas israelenses e forças do Hezbollah se retiram da região.

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