China critica novas restrições dos EUA à exportação de chips de IA e promete resposta firme
Porta-voz do MRE da China disse que os EUA estão ampliando excessivamente o conceito de segurança nacional para reprimir maliciosamente o gigante asiático
247 - A China criticou fortemente as novas restrições impostas pelo governo dos Estados Unidos à exportação de chips avançados de inteligência artificial (IA), classificando a medida como uma tentativa de prejudicar o desenvolvimento tecnológico de países em desenvolvimento. Segundo reportagem do Global Times, o governo chinês prometeu adotar medidas firmes para proteger os direitos e interesses legítimos de suas empresas.
Nesta segunda-feira (13), a administração Biden anunciou a Regra Final Provisória sobre Difusão de Inteligência Artificial, que incentiva a disseminação da tecnologia de IA entre "aliados e parceiros-chave" dos EUA, enquanto restringe o acesso de "países de preocupação" a sistemas avançados de IA e ao poder computacional necessário para seu treinamento. Embora o comunicado oficial não cite nomes, veículos como o New York Times apontaram que a medida mira diretamente a China.
Guo Jiakun, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, condenou a decisão em entrevista coletiva na terça-feira. "Os EUA têm estendido de forma excessiva o conceito de segurança nacional, politizando e armando questões comerciais e tecnológicas, além de abusar dos controles de exportação para suprimir maliciosamente a China", afirmou. Guo destacou que "a IA é um patrimônio comum da humanidade e não deve se tornar um jogo para países ricos ou ser usada para criar uma nova divisão no desenvolvimento".
A nova regra norte-americana não impõe restrições às vendas de chips para 18 aliados e parceiros estratégicos, mas estabelece barreiras significativas para os chamados "países de preocupação". Segundo Guo, "o verdadeiro objetivo é privar países em desenvolvimento, incluindo a China, do direito de avançar em ciência e tecnologia". Ele acrescentou que essa "estratégia de bloqueio" prejudica o interesse global de promover o desenvolvimento ético da IA e levanta preocupações sobre uma nova Guerra Fria tecnológica.
A reação não partiu apenas do governo chinês. A gigante norte-americana de chips Nvidia criticou abertamente a medida. Em comunicado, a empresa classificou a regra como um erro estratégico: "Enquanto se disfarça de medida 'anti-China', essas regras não contribuem em nada para a segurança dos EUA". A Information Technology Industry Council (ITI) também manifestou oposição, alertando que os novos controles podem desencorajar o uso de tecnologia norte-americana.
Além disso, o Ministério do Comércio da China acusou Washington de ignorar a oposição da própria indústria de tecnologia dos EUA. "O abuso das medidas de controle de exportação pela administração Biden obstrui severamente as trocas comerciais normais entre países, prejudica as regras de mercado e a ordem do comércio internacional, impacta a inovação tecnológica global e fere gravemente os interesses de empresas em todo o mundo, inclusive nos EUA", declarou um porta-voz do ministério.
Em contraste com a postura dos EUA, a China tem defendido a cooperação internacional em IA. Em julho de 2024, a 78ª Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução liderada pela China para reforçar a cooperação global em IA, com apoio de mais de 140 países. "A China continuará a trabalhar com todas as partes para promover a abertura, a conectividade e a igualdade, evitando a construção de barreiras, o desacoplamento e a discriminação", afirmou Guo Jiakun.
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