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    Crise na Boeing: auditoria dos EUA revela vulnerabilidades na segurança de aviões da empresa

    Administração Federal de Aviação dos EUA não garante que a Boeing possa produzir peças em conformidade com o design aprovado, após incidentes em série

    Logotipo da Boeing (Foto: Reuters/Benoit Tessier)

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    247 - O procedimento da Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) para monitorar e avaliar as reformas que visam melhorar a segurança dos modelos 787 e 737 da Boeing não é eficaz, tornando as reformas cruciais cada vez menos prováveis, anunciou o Inspetor-Geral do Departamento de Transportes dos EUA (DOT IG) em uma nova auditoria.

    "Os Processos de Supervisão da FAA para Identificar e Resolver Questões de Produção da Boeing Não São Eficazes", afirmou o relatório emitido na quarta-feira e divulgado ao público na sexta-feira (11). O documento foi citado pela agência Sputnik.

    Fraquezas nos processos e sistemas de supervisão da FAA limitaram sua capacidade de identificar e resolver os problemas de produção da Boeing, concluiu o DOT IG. "A abordagem da FAA para supervisionar a fabricação e produção da Boeing não utiliza avaliações baseadas em dados para direcionar auditorias, e a FAA não estruturou suas auditorias para realizar avaliações abrangentes", observou a auditoria.

    Além disso, a FAA não garantiu adequadamente que a Boeing e seus fornecedores possam produzir peças que estejam em conformidade com o design aprovado, acrescentou o relatório.

    "O sistema de conformidade da FAA não pode acompanhar marcos ou determinar se potenciais não conformidades repetitivas ocorreram, nem a FAA avaliou a eficácia do Sistema de Gestão de Segurança da Boeing", destacou.

    Adicionalmente, a FAA não estabeleceu critérios para devolver a autoridade delegada à Organização de Autorização de Designação (ODA) da Boeing, e a autoridade continua enfrentando desafios para lidar com alegações de pressão indevida na fabricação de aeronaves da Boeing.

    REFORMAS SÃO EXIGIDAS - No final de setembro setembro, o chefe da Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA), Michael Whitaker, em depoimento a um comitê da Câmara de Representantes dos EUA, afirmou que a Boeing precisa implementar reformas significativas e mudar sua cultura para melhorar a segurança e a qualidade da produção. 

    "Como resultado de problemas sistêmicos de qualidade de produção, a Boeing deve fazer mudanças significativas para transformar seu sistema de qualidade e garantir que os níveis adequados de segurança estejam em vigor", disse Whitaker, conforme citado pela Sputnik. "Deve haver uma mudança na cultura de segurança da empresa para abordar de forma holística seus problemas sistêmicos de garantia de qualidade e produção."

    Durante a audiência, os legisladores expressaram decepção com o histórico de segurança deplorável da Boeing. O presidente do Comitê de Transporte e Infraestrutura da Câmara, Sam Graves, disse que a aviação dos EUA sempre foi o padrão de excelência, mas que os incidentes recentes "colocaram isso em dúvida".

    CRISE E CORTES - A empresa de aviões dos EUA atravessa crise, com greve de trabalhadores e demissões em massa, agravando uma situação já delicada. O presidente e CEO da Boeing, Kelly Ortberg, notificou os funcionários de que a empresa está demitindo aproximadamente 10% de sua força de trabalho enquanto enfrenta dificuldades acumuladas ao longo dos anos.

    "Também precisamos ajustar nossos níveis de força de trabalho para alinhar com nossa realidade financeira e um conjunto mais focado de prioridades", disse Ortberg na sexta-feira. "Nos próximos meses, planejamos reduzir o tamanho de nossa força de trabalho total em aproximadamente 10%. Essas reduções incluirão executivos, gerentes e funcionários".

    A redução de 10% equivale a cerca de 17 mil postos de trabalho. Além disso, a empresa informou que sua nova aeronave 777X será entregue em 2026, um ano após a data inicial de entrega. O projeto enfrentou desafios no desenvolvimento, como a pausa nos testes de voo e a paralisação contínua do trabalho. A Boeing também encerrará a produção de seus cargueiros 767 em 2027, segundo Ortberg. 

    Em meio à crise após uma série de incidentes envolvendo aeronaves de grande porte da companhia dos EUA, mais de 32.000 funcionários da Boeing abandonaram seus postos de trabalho em 13 de setembro, na primeira greve da fabricante de aviões desde 2008. Os trabalhadores exigiam um aumento salarial de 40%, além da restauração de um bônus de desempenho, entre outras condições. 

    INCIDENTES - A Boeing tem sido atormentada por falhas de segurança e acusações criminais nos últimos anos. Em janeiro, uma tampa de porta de saída intermediária explodiu em um Boeing 737-9 MAX em um voo da Alaska Airlines, forçando a FAA a manter todos esses aviões em solo.

    Em julho, a Boeing concordou em se declarar culpada e pagar US$ 243,6 milhões para resolver acusações criminais de fraude relacionadas aos acidentes fatais na Indonésia e na Etiópia em 2018-2019, que mataram um total de 346 pessoas. (Com informações da Sputnik). 

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