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      Deportações esvaziam igrejas nos EUA e geram reação religiosa contra Trump

      Comunidades cristãs e judaicas processam governo por operações de imigração em locais sagrados e denunciam impacto devastador na prática religiosa

      Presidente norte-americano, Donald Trump - 10/02/2025 (Foto: REUTERS/Kevin Lamarque)
      Guilherme Levorato avatar
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      247 - Wilson Velásquez, um hondurenho que vivia nos Estados Unidos desde 2022, foi rezar em uma igreja na Geórgia no início de fevereiro. No entanto, enquanto participava do culto, agentes da Imigração e Alfândega dos EUA (ICE) realizaram uma operação para prendê-lo dentro do templo. O caso, revelado por documentos obtidos por Jamil Chade, do UOL, é um dos exemplos que motivaram uma ação judicial movida por dezenas de igrejas cristãs e grupos judaicos contra o governo de Donald Trump.

      Segundo o processo, um membro da congregação percebeu a presença dos agentes do ICE do lado de fora da igreja e trancou a porta. Os oficiais alegaram que estavam ali para prender Velásquez, que havia emigrado de Honduras com sua esposa e três filhos. O caso gerou indignação entre líderes religiosos, que acusam as autoridades de violar locais sagrados e desrespeitar uma prática que, por décadas, vigorou nos EUA: a proteção de igrejas, escolas e hospitais como espaços de refúgio.

      A mudança ocorreu logo no início da gestão de Trump, quando ele autorizou agentes de imigração a realizar prisões nesses locais. O impacto dessa decisão tem sido profundo, gerando um clima de medo entre imigrantes e levando comunidades religiosas a buscar amparo legal.

      Igrejas sob ataque e fiéis aterrorizados - Os documentos judiciais mostram que Velásquez e sua família se entregaram voluntariamente às autoridades ao cruzar a fronteira e solicitaram asilo. Ele recebeu uma tornozeleira eletrônica e uma data para comparecer ao tribunal. Após se estabelecer no subúrbio de Atlanta, a família passou a frequentar uma igreja pentecostal, onde participava de cultos e atividades religiosas.

      No dia de sua prisão, ele estava ouvindo o sermão do pastor quando os agentes entraram. Apesar de ter comparecido a todas as visitas obrigatórias ao ICE e estar aguardando sua audiência, os oficiais afirmaram que estavam "procurando pessoas com tornozeleiras". O pastor Luis Ortiz tentou tranquilizar os fiéis, mas testemunhou o pânico tomar conta da congregação. "Pude ver o medo e as lágrimas em seus rostos", relatou.

      A ação judicial movida por igrejas e sinagogas argumenta que essas prisões comprometem o direito ao culto e ameaçam práticas essenciais da fé, como a hospitalidade e a assistência social a imigrantes. "Congregações enfrentam um risco iminente de ações semelhantes", diz o processo, ressaltando que essas comunidades oferecem suporte como aulas de inglês, doações de alimentos e roupas, assistência jurídica e treinamento profissional.

      Fé versus repressão - Líderes religiosos alertam que a política imigratória de Trump já impacta drasticamente as igrejas. "As congregações estão sofrendo reduções na frequência aos cultos e na participação em serviços sociais, devido ao medo de ações de aplicação da lei de imigração", afirmam no processo. Para aqueles que ainda comparecem, as igrejas precisam decidir entre expô-los à prisão ou adotar medidas de segurança que contradizem sua vocação de acolhimento.

      O documento conclui que as escrituras e tradições religiosas dos autores da ação são unânimes em seu compromisso de proteger refugiados e imigrantes, independentemente de seu status legal. Diante do temor crescente nas igrejas e do esvaziamento das congregações, a batalha judicial contra o governo de Trump se torna uma questão de fé e direitos fundamentais.

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