Eleições nos EUA: judeus votaram em Kamala, árabes em Trump e mulçumanos em Jill Stein
Entre os muçulmanos americanos, o voto se inclinou para Jill Stein, em resposta à posição dos democratas no conflito entre Israel e Palestina
247 - Nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, a comunidade judaica reafirmou seu apoio ao Partido Democrata, com cerca de dois terços dos votos para a candidata Kamala Harris, em linha com a tradição progressista que marca o voto judeu americano, informa O Globo. Historicamente, mesmo quando os republicanos conquistam votações expressivas em âmbito nacional, o eleitorado judeu tende a votar majoritariamente nos democratas, uma escolha guiada por pautas internas como defesa da democracia, direitos das minorias e meio ambiente.
O voto judaico nos EUA não é necessariamente influenciado pelo apoio a Israel, como comumente se supõe. Enquanto os republicanos, liderados por Trump, defenderam um alinhamento próximo com Israel, os democratas também mantêm uma postura favorável ao país. A comunidade judaica americana tem uma agenda progressista que inclui uma variedade de temas sociais e, dentro desse grupo, há figuras proeminentes que questionam abertamente algumas políticas de Israel, principalmente em Gaza. A representatividade do Partido Democrata na comunidade judaica se reflete na composição do Congresso, onde há um número expressivo de judeus eleitos pela legenda, em comparação com poucos representantes judeus no Partido Republicano.
Para a comunidade árabe-americana, o cenário é mais dividido. Embora não haja uma compilação oficial do voto árabe, regiões com forte presença dessa população, como Dearborn, Michigan, demonstraram uma maior divisão entre os candidatos. Trump conquistou uma margem significativa de votos na cidade, enquanto Harris e a candidata do Partido Verde, Jill Stein, também angariaram apoio. Esse comportamento reflete as preocupações da comunidade com questões de política externa, especialmente em relação ao Oriente Médio.
Entre os muçulmanos americanos, o voto se inclinou para Jill Stein, em resposta à posição dos democratas no conflito entre Israel e Palestina. Para muitos, as decisões do governo de Biden em apoio a Israel, combinadas com a percepção de que as autoridades americanas são mais empáticas com vítimas ucranianas do que com vítimas palestinas, geraram distanciamento do eleitorado muçulmano e árabe. A convenção democrata deste ano, na qual falas de palestinos-americanos que perderam familiares em Gaza foram vetadas, reforçou a decepção com o partido.
No entanto, a migração desse eleitorado para o Partido Republicano não é imediata. A comunidade árabe e muçulmana nos Estados Unidos ainda nutre receios em relação aos republicanos, devido ao histórico de políticas que, ao longo dos anos, foram consideradas hostis. Mesmo com o discurso forte de Trump a favor de Israel, muitas vezes criticado pelo eleitorado árabe, há uma desconfiança em relação aos democratas por causa do apoio contínuo às ações de Israel na região.
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