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    Em reunião na ONU, Mauro Vieira denuncia Israel e fala, pela primeira vez, em "caso plausível de genocídio"

    "Diante de um caso plausível de genocídio e do ataque indiscriminado contra civis, a comunidade internacional não pode mais ser cúmplice", disse

    Mauro Vieira | Palestinos caminham em meio a destroços de prédios em Gaza destruídos por ataques de Israel 09/10/2023 (Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil | REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa)

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    247 - O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, fez um forte discurso nesta terça-feira (29) no Conselho de Segurança da ONU, onde denunciou os ataques de Israel a organismos internacionais e criticou os fornecedores de armas. Segundo o jornaista Jamil Chade, do UOL, em sua fala, Vieira abordou, pela primeira vez, o que classificou como "caso plausível de um genocídio", enfatizando a urgência de a comunidade internacional agir diante da escalada da crise no Oriente Médio.

    Durante a reunião, que tinha como foco a crise em curso, o chefe da diplomacia brasileira alertou para o desrespeito às normas internacionais e decisões judiciais. Ele destacou a responsabilidade do Conselho da ONU e dos governos em assegurar que a justiça seja aplicada e que as violações sejam investigadas.

    "Diante de um caso plausível de genocídio e do ataque indiscriminado contra civis, a comunidade internacional não pode mais ser cúmplice fornecendo armas que possibilitem tais crimes", alertou. "O mesmo vale para armas que prolongam a ocupação ilegal dos territórios palestinos. Não podemos permitir que o veto se torne um escudo para a impunidade", ressaltou o diplomata em referência aos países que fornecem armas e munições utilizadas por Israel contra o enclave palestino de Gaza.

    Vieira reiterou que o Brasil considera a ofensiva do Hamas em 7 de outubro de 2023 como um "ataque terrorista", mas criticou a resposta israelense, que "ultrapassou qualquer senso de proporção". Segundo ele, "mais bombas foram lançadas sobre Gaza do que em Dresden, Hamburgo e Londres durante a Segunda Guerra Mundial", caracterizando as ações como uma "punição coletiva e aniquilação".

    Ainda segundo a reportagem, o chanceler enfatizou as violências enfrentadas pela população em Gaza, afirmando que as áreas civis estão sendo alvejadas de forma indiscriminada. “Fome e doenças se espalham à medida que o fornecimento de bens que suprem necessidades básicas é interrompido”, afirmou. Ele também fez referência à morte de trabalhadores humanitários e jornalistas, apontando que até mesmo aqueles protegidos pelas Convenções de Genebra estão sendo vítimas dos conflitos.

    No contexto das obrigações internacionais, Vieira citou que a Corte Internacional de Justiça emitiu medidas para que Israel interrompa ações que possam violar a Convenção sobre Genocídio e facilite a entrega de ajuda humanitária. Ele reiterou que "essas não são recomendações; são obrigações vinculantes segundo o direito internacional".

    Além disso, o chanceler condenou os ataques a agências da ONU, incluindo a UNRWA (Agência de Assistência aos Refugiados Palestinos), e os esforços para desmantelar serviços essenciais para os palestinos, enfatizando que tais ações não eliminarão a responsabilidade da comunidade internacional em proteger os necessitados.

    Por fim, Vieira criticou o comportamento de Israel em relação ao Irã e advertiu sobre os riscos de uma catástrofe regional, clamando pela necessidade de um compromisso firme com a diplomacia para alcançar a paz no Oriente Médio. Ele ressaltou que "a ordem internacional do pós-guerra está desmoronando diante de nossos olhos" e que a revisão da Carta da ONU é imperativa para enfrentar os desafios globais atuais.

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