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Entenda o que pode acontecer na França depois que a esquerda venceu as eleições, mas sem maioria absoluta

Por ora, Macron se recusa a aceitar uma aliança com a França Insubmissa, de Jean-Luc Mélenchon

(Foto: Reuters)

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7 de julho (Reuters) – Eis o que pode acontecer a seguir, após as eleições de domingo na França indicarem um parlamento sem maioria, com uma aliança de esquerda à frente, mas sem maioria absoluta.

O QUE ACONTECEU NO SEGUNDO TURNO DE VOTAÇÃO DE DOMINGO?

A aliança de esquerda Nova Frente Popular (NFP) estava a caminho de conquistar o maior número de assentos, de acordo com as projeções dos institutos de pesquisa, mas não atingirá os 289 necessários para garantir uma maioria absoluta na câmara baixa.

O resultado representa uma derrota significativa para o partido de extrema-direita Reunião Nacional (RN), que estava projetado para vencer a votação, mas sofreu após a NFP e o bloco Juntos, do presidente Emmanuel Macron, colaborarem entre o primeiro e o segundo turnos para criar um voto anti-RN. As projeções mostraram o RN terminando em terceiro lugar, atrás do Juntos.

Isso significa que nenhum dos três blocos pode formar um governo majoritário e precisará do apoio de outros para aprovar legislações.

UMA COALIZÃO DE ESQUERDA SERÁ FORMADA?

Isso está longe de ser certo. A França não está acostumada ao tipo de construção de coalizão pós-eleitoral que é comum em democracias parlamentares do norte da Europa, como Alemanha ou Holanda. A Quinta República, criada em 1958 pelo herói de guerra Charles de Gaulle, foi desenhada para dar grandes e estáveis maiorias parlamentares aos presidentes, o que criou uma cultura política confrontacional, sem tradição de consenso e compromissos.

O político moderado de esquerda Raphael Glucksmann, deputado no Parlamento Europeu, disse que a classe política terá que "agir como adultos". Jean-Luc Mélenchon, líder da extrema-esquerda França Insubmissa (LFI), descartou uma ampla coalizão de partidos de diferentes tendências. Ele disse que Macron tinha o dever de convocar a aliança de esquerda para governar.

No campo centrista, o líder do partido de Macron, Stéphane Séjourné, disse estar pronto para trabalhar com partidos tradicionais, mas descartou qualquer acordo com a LFI de Mélenchon. O ex-primeiro-ministro Edouard Philippe também descartou qualquer acordo com o partido de extrema-esquerda. Macron disse que esperará a nova assembleia encontrar alguma "estrutura" para decidir seu próximo passo.

E SE NENHUM ACORDO FOR ALCANÇADO?

Isso seria um território desconhecido para a França. A constituição diz que Macron não pode convocar novas eleições parlamentares por mais 12 meses. O primeiro-ministro Gabriel Attal disse que apresentaria sua renúncia a Macron na manhã de segunda-feira, mas que estava disponível para atuar como interino.

A constituição diz que Macron decide quem deve pedir para formar um governo. Mas quem ele escolher enfrentará um voto de confiança na Assembleia Nacional, que se reunirá por 15 dias a partir de 18 de julho. Isso significa que Macron precisa nomear alguém aceitável para a maioria dos parlamentares.

Macron provavelmente esperará atrair Socialistas e Verdes da aliança de esquerda, isolando a França Insubmissa, para formar uma coalizão de centro-esquerda com seu próprio bloco. No entanto, não havia sinal de uma iminente dissolução da Nova Frente Popular neste estágio.

Outra possibilidade é um governo de tecnocratas que gerenciaria os assuntos do dia-a-dia, mas não supervisionaria mudanças estruturais. Não estava claro se o bloco de esquerda apoiaria esse cenário, que ainda exigiria o apoio do parlamento.

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