EUA perdem hegemonia global diante dos avanços militares de China e Rússia, diz Jeffrey Sachs
Economista afirma que a supremacia dos EUA está ameaçada por novas potências tecnológicas e critica o papel de Washington em conflitos no Oriente Médio
247 - Em entrevista publicada no YouTube sob o título "Jeffrey Sachs Interview - China and Russia Are Challenging U.S. Control Over the World", o economista Jeffrey Sachs fez duras críticas à política externa dos Estados Unidos, destacando a crescente perda de sua hegemonia global. Para Sachs, o poderio militar norte-americano, que historicamente sustentou sua influência, está sendo desafiado pelos avanços tecnológicos de China e Rússia.
“A supremacia dos EUA sempre se baseou na sua capacidade militar, apoiada por avanços tecnológicos. No entanto, estamos vendo um declínio dessa vantagem, especialmente com o crescimento da China em áreas como a tecnologia de mísseis e infraestrutura”, afirmou Sachs. Ele destacou que grande parte das inovações norte-americanas nos últimos 75 anos teve origem em investimentos militares, enquanto setores civis, como o transporte ferroviário, foram negligenciados.
O economista criticou o fato de os Estados Unidos priorizarem gastos militares em detrimento de investimentos sociais. “Gastamos trilhões em defesa, mas não conseguimos ter um sistema de trens eficiente como o da China. O problema é que o Exército não se importa com isso”, disse. Sachs apontou que o orçamento de segurança dos EUA, incluindo o Pentágono, CIA e outros órgãos, chega a US$ 1,5 trilhão anuais.
Sobre o Oriente Médio, Sachs foi incisivo ao analisar a influência dos EUA na região. Ele afirmou que Washington mantém alianças com regimes que dependem da proteção militar norte-americana, o que perpetua conflitos e instabilidade. “Os EUA e Israel estão iludidos quanto à sustentabilidade de sua estratégia. Eles podem matar muitas pessoas, mas isso não garante a paz duradoura”, destacou.
Sachs criticou duramente o papel de Israel no conflito com os palestinos, afirmando que o objetivo do governo de Benjamin Netanyahu é impedir a criação de um Estado palestino. “O Likud sempre defendeu o controle total da terra entre o rio Jordão e o mar Mediterrâneo. O problema não são os grupos militantes, mas os Estados que os apoiam”, disse, referindo-se à estratégia israelense de enfraquecer governos que apoiam a resistência palestina.
O economista classificou a atual ofensiva em Gaza como um genocídio, condenando o apoio incondicional dos EUA a Israel, mesmo diante da condenação internacional. “Estamos assistindo, em tempo real, ao primeiro genocídio transmitido ao vivo da história. E o papel dos EUA é vergonhoso, bloqueando qualquer tentativa de cessar-fogo no Conselho de Segurança da ONU”, afirmou.
Por fim, Sachs questionou a viabilidade de Israel manter seu status de potência regional a longo prazo. “Acredito que Israel não sobreviverá como um império regional. O futuro da região dependerá da aceitação de um Estado palestino soberano e do fim da mentalidade expansionista”, concluiu.
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