Federação Internacional de Xadrez decide banir Rússia de competições internacionais
Mesmo sendo a maior potência do esporte, a Rússia continua excluída em decisão que reforça a mistura entre política e xadrez
247 – Em uma decisão polêmica, a Federação Internacional de Xadrez (FIDE) votou pela manutenção do banimento da Rússia e Belarus de competições internacionais. A decisão, tomada durante a Assembleia Geral da FIDE em Budapeste, mantém as sanções que foram impostas após o início do conflito na Ucrânia, em fevereiro de 2022. Apesar de ser a maior potência mundial no esporte, a Rússia segue fora dos torneios oficiais, o que levanta questionamentos sobre a crescente interferência da política no esporte.
A votação contou com 66 países apoiando a manutenção das restrições, enquanto 41 votaram por uma posição intermediária, que propunha a remoção das sanções para crianças e grupos vulneráveis. Apenas 21 nações votaram pela remoção completa das sanções, incluindo ex-repúblicas soviéticas e aliados da Rússia em África e Ásia.
Malcolm Pein, chefe da Federação Inglesa de Xadrez, disse à BBC que o resultado foi uma "derrota esmagadora" para a Rússia, segundo reporta a BBC. "Não há dúvida de que muitos delegados temiam as consequências para a relação da FIDE com o Comitê Olímpico Internacional (COI) se a política divergir", comentou. A decisão é vista por muitos como um reflexo de pressões externas, com a FIDE seguindo orientações do COI, que já havia recomendado a manutenção das sanções contra a Rússia em competições esportivas.
A exclusão russa afeta profundamente o cenário competitivo do xadrez, já que o país tem uma das tradições mais fortes na modalidade, produzindo campeões mundiais como Garry Kasparov, Anatoly Karpov e Vladimir Kramnik. Com a ausência da Rússia, muitos consideram que o nível técnico dos torneios será prejudicado, tirando a oportunidade de assistir às partidas de alguns dos melhores jogadores do mundo.
A FIDE também aplicou sanções contra a Federação Russa de Xadrez (CFR), excluindo-a por dois anos sob a alegação de "trazer o xadrez à desonra" e por violar princípios da organização. Em junho, a CFR foi multada em €45.000 e repreendida pela FIDE, decisão que também foi alvo de críticas por parte da Ucrânia e seus aliados.
A posição russa sempre foi clara: o esporte deve ser mantido longe de questões políticas. No entanto, a decisão da FIDE sinaliza o contrário, com as sanções sendo uma resposta direta à situação geopolítica atual. Países como Inglaterra, Estados Unidos e França foram alguns dos maiores defensores da manutenção das restrições, alegando que sanções são uma forma de punição adequada.
Com a exclusão da Rússia das competições, a pergunta sobre a separação entre esporte e política se torna ainda mais urgente. O xadrez, um esporte conhecido por ser um terreno de habilidade intelectual e estratégia, parece estar cada vez mais à mercê de agendas políticas. A decisão da FIDE abre um debate sobre até que ponto essas interferências devem ser permitidas, especialmente quando envolvem potências esportivas como a Rússia.
Por mais que a FIDE se alinhe às diretrizes do COI, muitos argumentam que o esporte deveria ser uma esfera independente, onde a competição transcende os conflitos entre nações. Para os defensores dessa visão, a decisão de manter o banimento da Rússia representa um precedente preocupante para o futuro do esporte mundial.
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