Fim do fluxo de gás russo via Ucrânia sinaliza novos problemas econômicos para a Europa

247 - As remessas de gás natural russo para a Europa via Ucrânia estão programadas para terminar no dia de Ano Novo, encerrando um longo capítulo de domínio de Moscou sobre o fornecimento do combustível ao mercado europeu, informou a Reuters nesta terça-feira (31).

A decisão ocorre em meio ao rigoroso inverno europeu e se deu após Kiev se recusar a negociar um novo acordo de trânsito de gás, encerrando um contrato de cinco anos entre os países. Desde o início do conflito entre a Rússia e forças apoiadas pela Otan em território ucraniano, em fevereiro de 2022, a União Europeia tem intensificado esforços para reduzir drasticamente sua dependência do gás russo. Essa mudança provocou protestos de países como Eslováquia e Hungria, além de contribuir para uma desaceleração econômica significativa, aumento da inflação e agravamento da crise de custo de vida em todo o continente.

Além de Kiev, a Comissão Europeia declarou que não apoiaria discussões sobre a extensão do contrato de trânsito de gás, nem buscaria soluções alternativas para manter os fluxos. O bloco afirmou não estar envolvido em quaisquer negociações sobre o tema.

Apesar de encontrar fontes alternativas de energia, como Estados Unidos, Catar e Noruega, a interrupção do fornecimento russo acentuou preocupações de longo prazo sobre o declínio da competitividade global europeia, especialmente em relação ao futuro industrial da Alemanha.

A Ucrânia está abrindo mão de 800 milhões de dólares por ano em taxas da Rússia, enquanto a estatal russa Gazprom perderá perto de 5 bilhões de dólares em vendas de gás para a Europa via Ucrânia, segundo a agência. Preços de referência do gás na Europa ficaram em 48,50 euros por megawatt-hora nesta terça-feira, um pouco acima da abertura das negociações.