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    Governo Talibã do Afeganistão vê “novo capítulo” nas relações com os EUA após vitória de Donald Trump

    Trump foi um grande crítico da retirada das tropas americanas no país durante o governo de Joe Biden

    Donald Trump (Foto: REUTERS/Leah Millis)

    247 - O governo Talibã do Afeganistão expressou nesta quarta-feira esperança de um "novo capítulo" nas relações com os Estados Unidos após a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais, informa o Barron´s. A expectativa, segundo o Ministério das Relações Exteriores afegão, é que a futura administração Trump adote “medidas realistas” para o avanço das relações bilaterais.

    Em postagem na rede social X, o porta-voz do ministério, Abdul Qahar Balkhi, relembrou o acordo de paz firmado entre os EUA e o Talibã durante o primeiro mandato de Trump, em 2020, o qual “pavimentou o caminho para a retirada americana em 2021, encerrando 20 anos de ocupação”. O acordo, assinado em Doha, no Catar, marcou a relação entre os dois países ao definir os termos da retirada militar americana, embora tenha excluído a participação do então governo afegão, que ainda estava no poder.

    A saída das tropas, concretizada sob a gestão de Joe Biden, gerou críticas intensas, especialmente após o caos e a morte de 13 militares americanos em um ataque suicida no aeroporto de Cabul, além da rápida tomada da capital pelo Talibã. A falta de exigências como um cessar-fogo entre o Talibã e o governo de Cabul durante a retirada também foi motivo de críticas ao presidente Biden.

    Trump usou essa retirada das tropas, classificadas como desastrosa, como ponto central em sua campanha, direcionando críticas à vice-presidente Kamala Harris, candidata democrata à presidência. Desde que reassumiu o poder, o Talibã não foi formalmente reconhecido por nenhum governo, enfrentando barreiras principalmente devido às políticas restritivas em relação aos direitos das mulheres, incluindo a proibição do acesso à educação e ao mercado de trabalho – ações que a ONU qualificou como “apartheid de gênero”.

    Inamullah Samangani, chefe do Departamento de Informação e Cultura em Kandahar, declarou: “Os americanos não estão prontos para entregar a liderança de seu grande país a uma mulher”, fazendo referência à candidatura de Harris.

    A ex-parlamentar afegã Fawzia Koofi parabenizou Trump pela vitória, mas criticou a retirada das tropas americanas e a falta de pressão sobre o Talibã quanto aos direitos das mulheres. “Como homem de negócios, ele deveria entender que nenhuma nação pode prosperar a longo prazo ao negar a metade de sua população o direito ao trabalho e à educação,” comentou Koofi.

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