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    Hamas diz que não fará mais concessões a Israel após novos ataques em Rafah

    'Israel não está com seriedade para chegar a um acordo', afirmou o grupo islâmico

    Palestinos em caminhão em fuga de Rafah após forças israelenses lançarem operação terrestre e aérea, no sul da Faixa de Gaza (Foto: Hatem Khaled / Reuters)

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    Por Nidal al-Mughrabi e Steve Holland e Mohammad Salem

    CAIRO/WASHINGTON/RAFAH, Faixa de Gaza (Reuters) - O grupo militante palestino Hamas disse nesta quarta-feira que não está disposto a fazer mais concessões a Israel nas negociações por um cessar-fogo em Gaza, apesar das conversas seguirem no Cairo na busca de uma pausa na ofensiva de sete meses de Israel.

    Os israelenses continuaram nesta quarta-feira os ataques com tanques e pelo ar na cidade de Rafah, no sul de Gaza, e ameaçaram uma grande ofensiva. As forças de Israel avançaram pela passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, na terça-feira, cortando uma rota vital de auxílio humanitário e única saída para a retirada de pacientes feridos.

    Izzat El-Reshiq, membro do gabinete político do Hamas no Catar, disse em um comunicado na noite desta quarta-feira que o grupo não irá além de uma proposta de cessar-fogo já aceita na segunda-feira, que também envolveria a libertação de alguns reféns israelenses mantidos em Gaza e mulheres e crianças palestinas detidas em Israel.

    "Israel não está sendo sério sobre a possibilidade de chegar a um acordo e está usando as negociações como cobertura para invadir Rafah e ocupar a passagem", afirmou Reshiq.

    Não houve comentários em um primeiro momento de Israel que, na segunda-feira, considerou inaceitável a proposta de três fases aprovada pelo Hamas porque os termos haviam sido diluídos.

    Delegações do Hamas, de Israel, EUA, Egito e Catar têm se reunido no Cairo desde terça-feira. Citando uma fonte sênior, a emissora de televisão Al Qahera, afiliada ao Estado do Egito, disse que as conversas no Cairo continuaram ao longo desta quarta-feira e durante a noite.

    Os EUA afirmaram na terça-feira que o Hamas revisou sua proposta de cessar-fogo e que essa revisão poderia superar um impasse nas negociações.

    Apenas algumas horas antes desse mais recente comunicado do Hamas, Washington continuava dizendo que os dois lados não estão distantes.

    "Acreditamos que há um caminho para um acordo", afirmou o conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, a jornalistas.

    Os EUA querem evitar uma invasão israelense completa de Rafah, e uma autoridade sênior norte-americana disse sob condição de anonimato que Washington paralisou o envio de 1.800 bombas de 907 kgs e 1.700 bombas de 226 kgs por preocupações com os civis em Rafah.

    O presidente dos EUA, Joe Biden, disse nesta quarta que Israel havia usado essas bombas para matar civis palestinos.

    "Civis foram mortos em Gaza como consequência dessas bombas e de outras maneiras pelas quais eles atacam centros populacionais", disse ele à CNN.

    O embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, considerou a decisão de Washington "muito decepcionante", embora não acredite que os EUA deixem de fornecer armas a Israel.

    Israel afirma que precisa atacar Rafah para derrotar milhares de combatentes do Hamas que, segundo os israelenses, estariam escondidos no local. Mas a cidade também é refúgio para centenas de milhares de palestinos que fugiram dos combates mais ao norte em Gaza.

    Nesta quarta, o Hamas afirmou que seus combatentes estavam lutando contra as forças israelenses no leste de Rafah, e que os combatentes da Jihad Islâmica atacaram soldados israelenses e veículos militares com artilharia pesada perto do aeroporto da cidade, há muito abandonado.

    Os projéteis dos tanques israelenses caíram no meio de Rafah, ferindo pelo menos 25 pessoas nesta quarta-feira, segundo médicos. Moradores afirmaram que um ataque aéreo israelense matou quatro pessoas e feriu outras 16 no oeste de Rafah.

    O Exército israelense informou que suas tropas haviam descoberto a infraestrutura do Hamas em vários locais no leste de Rafah e que estava realizando ataques direcionados no lado de Gaza da passagem de Rafah, além de ataques aéreos em toda a Faixa de Gaza.

    A ONU, moradores de Gaza e grupos humanitários têm alertado que mais invasões israelenses contra Rafah provocarão uma catástrofe humanitária.

    Um funcionário da ONU disse que nenhum combustível ou ajuda havia entrado na Faixa de Gaza devido à operação militar, situação "desastrosa para a resposta humanitária" no enclave, onde mais da metade da população sofre com uma fome catastrófica.

    Palestinos amontoaram-se em acampamentos de barracas e abrigos improvisados, sofrendo com a escassez de alimentos, água e medicamentos. A principal maternidade de Rafah, onde ocorre quase metade dos partos de Gaza, parou de admitir pacientes, informou o Fundo de População das Nações Unidas à Reuters nesta quarta.

    "As ruas da cidade ecoam com os gritos de vidas inocentes perdidas, famílias despedaçadas e casas reduzidas a escombros", disse o prefeito de Rafah, Ahmed Al-Sofi, apelando para a intervenção da comunidade internacional.

    Israel disse aos civis em Rafah, muitos dos quais já várias vezes desalojados, que se retirassem para uma "zona humanitária expandida" em al-Mawasi, a cerca de 20 km de distância.

    As estimativas sobre quantos palestinos deixaram Rafah desde a segunda-feira variam de 10.000, de acordo com a agência da ONU UNRWA, a dezenas de milhares, segundo o escritório de mídia do governo de Gaza, administrado pelo Hamas.

    "Algumas ruas parecem uma cidade fantasma agora", disse Aref, de 35 anos, à Reuters por meio de um aplicativo de bate-papo.

    A ofensiva de Israel matou 34.844 palestinos em sete meses de guerra, a maioria deles civis, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

    A guerra teve início quando militantes do Hamas atacaram Israel em 7 de outubro, matando cerca de 1.200 pessoas e sequestrando mais de 200 pessoas, segundo números israelenses mais recentes.

    (Reportagem adicional de Henriette Chacar e Dan Williams em Jerusalém, Andrea Shalal a bordo do Air Force One e Susan Heavey e Phil Stewart em Washington)

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