Hezbollah admite perda de rota de suprimentos via Síria após queda de Bashar al-Assad
Líder do grupo afirma que situação é transitória e espera continuidade da cooperação entre Líbano e Síria
Reuters – O líder do Hezbollah, Naim Qassem, confirmou no último sábado (14) que o grupo libanês perdeu sua principal rota de suprimentos militares através da Síria, após a derrubada do presidente Bashar al-Assad em uma ofensiva rebelde na semana passada. As declarações foram feitas em um discurso transmitido pela Al Manar TV. Essa foi a primeira manifestação de Qassem desde os eventos que culminaram no colapso do governo sírio.
“Sim, o Hezbollah perdeu a rota de suprimentos militares através da Síria neste momento, mas essa perda é um detalhe no trabalho da resistência”, afirmou Qassem. Apesar de não mencionar Assad diretamente, o líder demonstrou otimismo sobre a possibilidade de restabelecimento da rota no futuro. “Um novo regime pode surgir, e essa rota pode voltar ao normal, ou podemos buscar outros caminhos”, acrescentou.
Durante o governo Assad, o Hezbollah, apoiado pelo Irã, utilizava a Síria como corredor estratégico para transportar armas e equipamentos militares, atravessando o Iraque e a Síria até o Líbano. No entanto, a situação mudou drasticamente no dia 6 de dezembro, quando forças rebeldes tomaram o controle da fronteira com o Iraque, bloqueando a rota. Poucos dias depois, a capital Damasco caiu nas mãos de rebeldes islamistas liderados pelo grupo Hayat Tahrir al-Sham, uma antiga afiliada da Al-Qaeda.
Transição incerta e novos desafios
Com a substituição de mais de 50 anos de governo da família Assad por um governo provisório liderado por forças rebeldes, o Hezbollah enfrenta um cenário de incertezas. Qassem destacou que ainda é cedo para julgar o novo governo, mas expressou a esperança de que a cooperação entre os povos e governos do Líbano e da Síria continue.
“Também esperamos que este novo partido no poder considere Israel como um inimigo e não normalize relações com ele. Esses serão os fatores determinantes para a natureza da relação entre nós e a Síria”, enfatizou.
Desde 2013, o Hezbollah vinha intervindo na guerra civil síria para apoiar Assad contra os rebeldes. Na semana passada, com o avanço das forças opositoras sobre Damasco, o grupo libanês retirou seus combatentes da região, sob a supervisão de seus comandantes.
Tensão com Israel
As declarações de Qassem também ocorrem em um contexto de hostilidades prolongadas entre Hezbollah e Israel. O sul do Líbano tem sido palco de trocas de fogo frequentes nos últimos meses, agravadas pelo conflito em Gaza. Em setembro, Israel lançou uma ofensiva que resultou na morte de boa parte da liderança do Hezbollah.
O futuro das relações entre Hezbollah, Síria e os novos governantes de Damasco permanece incerto, mas Qassem sinalizou a disposição de buscar caminhos que preservem a resistência e os interesses estratégicos da região.
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