Irã diz que não negociará com os EUA sob pressão e ameaças
O ministro persa das Relações Exteriores, Seyed Abbas Araqchi, rejeita o diálogo direto enquanto persistir a "pressão máxima" dos EUA
247 - O ministro das Relações Exteriores do Irã, Seyed Abbas Araqchi, afirmou que seu país não iniciará negociações diretas com os Estados Unidos enquanto persistirem as anções e ameaças do governo Trump. A declaração foi feita durante uma entrevista coletiva em Teerã, na segunda-feira (24), e repercutida pela HispanTV .
“Esta é a nossa política definitiva e clara, e até que haja uma mudança fundamental na atitude dos Estados Unidos em relação à República Islâmica e ao povo do Irã, não há negociações diretas”, declarou Araqchi. Ele reforçou que o governo iraniano não cederá a pressões externas e que qualquer contato com os EUA só ocorrerá por meio de canais indiretos. “Nosso objetivo e missão é garantir os interesses e a segurança nacional, algo de que nunca abriremos mão”, enfatizou.
A posição iraniana surge em um momento de alta tensão nas relações bilaterais, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter enviado uma carta ao líder supremo iraniano, o Aiatolá Seyed Ali Khamenei, solicitando o início de um diálogo. Segundo fontes diplomáticas, a carta foi entregue por um alto representante dos Emirados Árabes Unidos na primeira quinzena de março.
Araqchi destacou que a política de "pressão máxima" dos EUA — que envolve sanções econômicas severas e medidas diplomáticas hostis — inviabiliza qualquer possibilidade de diálogo direto. “O governo dos EUA precisa abandonar essa abordagem agressiva e considerar os direitos soberanos do Irã se quiser que haja alguma abertura para negociações”, apontou o ministro.
O Aiatolá Khamenei também reagiu à tentativa de diálogo de Trump, descrevendo-a como uma manobra política para confundir a opinião pública internacional. "Quando o presidente dos EUA diz que está disposto a negociar, é um engano para o público. Por que o Irã não está disposto a negociar com os EUA? Esse mesmo presidente dos EUA corta os acordos negociados e assinados no JCPOA (o acordo nuclear assinado em 2015 com o Irã). Quando sabemos que eles não estão cumprindo seus compromissos, como podemos negociar?" - questionou o líder iraniano.
O JCPOA (Plano de Ação Conjunto Abrangente), assinado em 2015 entre o Irã e o grupo P5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha), definiu limites para o programa nuclear iraniano em troca do levantamento de avaliações econômicas. No entanto, em 2018, Trump retirou unilateralmente os EUA do acordo e restabeleceu uma série de sanções contra o Irã.
Araqchi reafirmou que Teerã mantém seu compromisso com os princípios do JCPOA, mas apenas enquanto as demais partes do acordo também cumprem suas obrigações. "O Irã continuará dentro dos parâmetros acordados, desde que os parceiros internacionais respeitem os termos estabelecidos. Mas não aceitamos nenhuma imposição unilateral dos EUA", reforçou o ministro.
O governo iraniano tem contado com o apoio diplomático da Rússia e da China, que se posicionaram contra a política de sanções norte-americana. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, declarou recentemente que o uso de sanções e pressões para forçar o Irã a negociar é "inaceitável" e que Moscou continuará trabalhando para preservar o JCPOA.
Em meio a esse cenário, Araqchi deixou claro que o Irã seguirá defendendo sua soberania e seus interesses estratégicos, sem ceder a ameaças externas. "Nosso caminho é o da dignidade e do respeito mútuo. Se os EUA realmente querem o diálogo, devem primeiro abandonar a lógica da coerção", concluiu o ministro.
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