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Mauro Vieira rebate acusações sobre caráter 'antiocidental' do Brics: 'Brasil, até onde sei, é um país do Ocidente'

Segundo o chanceler, existe uma “visão negativa do Brics", especialmente entre os EUA e a Europa, de que o grupo se propõe a desafiar a atual ordem mundial

Chanceler Mauro Vieira (Foto: Valter Campanato / Agência Brasil)

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247 - O chanceler brasileiro Mauro Vieira rebateu, nesta quarta-feira (23), durante a cúpula do Brics, realizada em Kazan, na Rússia, a ideia de que o grupo possua um caráter 'antiocidental', um estigma que se intensificou após a ampliação do bloco promovida na edição anterior do encontro, realizada na África do Sul em 2023. 

"O Brasil, até onde sei, é um país do Ocidente", disse o chefe da delegação brasileira, referindo-se à inclusão tardia do Irã na última cúpula, um movimento que foi amplamente interpretado como uma manobra contrária aos interesses dos Estados Unidos.

Segundo a Folha de S. Paulo, Vieira observou que existe uma “visão negativa do Brics", especialmente entre os EUA e a Europa, que acreditam que o grupo se propõe a desafiar a atual ordem mundial vigente. A postura de nações como Rússia e China, que frequentemente criticam o sistema global estabelecido após a Guerra Fria como dominado pelos EUA, reforça essa visão.

No entanto, o Brasil se alinha a parte dessa agenda, como enfatizou o chanceler ao criticar o domínio norte-americano e de seus aliados nas instituições financeiras globais, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, e na defesa de que os países que integram o Brics possam realizar transações comerciais em suas moedas nacionais, evitando o uso do dólar como padrão. O ministro também abordou a desigualdade nas representações de órgãos globais ao destacar que "há países dividindo a cadeira e outros, sozinhos". A cúpula teve como um dos focos centrais a reforma do Conselho de Segurança da ONU, uma bandeira histórica do Brasil, e do presidente Lula (PT), que não compareceu ao evento devido a um acidente doméstico. Lula participou da Cúpula do Brics por meio de videoconferência nesta quarta-feira e reforçou a posição externada pelo chanceler brasileiro.

Vieira também ressaltou a importância de manter o Brics livre de tendências autoritárias, declarando que o grupo "não é contra ninguém" e que é uma "plataforma de conversas".

A recente ampliação do Brics foi moderada pela introdução da categoria de países-parceiros, que contará com treze novos membros, mas exclui a Venezuela, que ainda não foi aceita devido à resistência do Brasil. Vieira não quis comentar sobre a situação do país vizinho, mas ressaltou que a incorporação de novos integrantes, como a Arábia Saudita, que não enviou representantes de alto nível, tem dificultado a harmonização de terminologias e o respeito a regras previamente estabelecidas.

"Há mais de 30 países interessados em entrar. O Brics não os pode incorporar, seria muito, o grupo passaria de 40 membros", concluiu Vieira. 

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