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    Mulheres cobram direitos iguais na Síria após queda de Assad

    O porta-voz do governo de transição sírio disse na semana passada que a "natureza biológica e fisiológica" das mulheres as torna inaptas para certos cargos

    Manifestação de mulheres em Qamishli, na Síria 23/12/2024 (Foto: REUTERS/Orhan Qereman)
    Bianca Penteado avatar
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    QAMISHLI, Síria (Reuters) - Milhares de mulheres fizeram uma manifestação na cidade de Qamishli, no nordeste da Síria, nesta segunda-feira, para exigir que os novos governantes islâmicos de Damasco respeitem os direitos das mulheres e condenem as campanhas militares apoiadas pela Turquia nas regiões do norte lideradas pelos curdos.

    Muitas das manifestantes agitaram a bandeira verde das Unidades de Proteção da Mulher (YPJ), uma afiliada da milícia das Unidades de Proteção do Povo Curdo (YPG) que a Turquia considera uma ameaça à segurança nacional e quer que seja dissolvida imediatamente.

    "Estamos exigindo os direitos das mulheres do novo Estado (...) e as mulheres não devem ser excluídas dos direitos nesse sistema", disse Sawsan Hussein, uma ativista dos direitos das mulheres.

    "Estamos (também) condenando os ataques da ocupação turca contra a cidade de Kobani."

    Os grupos curdos têm desfrutado de autonomia em grande parte do norte desde o início da guerra civil da Síria em 2011. A milícia curda YPG, que lidera o grupo armado Forças Democráticas da Síria (FDS), apoiado pelos Estados Unidos, é uma força importante na área.

    Mas o equilíbrio de poder da Síria se afastou desses grupos desde que o grupo islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS) invadiu Damasco e derrubou Bashar al-Assad há duas semanas, estabelecendo um novo governo favorável a Ancara.

    Os grupos curdos dominantes da Síria adotam uma ideologia que enfatiza o socialismo e o feminismo -- em contraste com as visões islâmicas sunitas conservadoras do HTS, um antigo afiliado da Al Qaeda.

    Há uma apreensão generalizada entre os sírios de que a nova administração de Damasco gravitará em direção a um governo islâmico linha-dura, marginalizando minorias e mulheres na vida pública.

    Obaida Arnout, porta-voz do governo de transição sírio, disse na semana passada que a "natureza biológica e fisiológica" das mulheres as torna inaptas para determinados cargos governamentais.

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