Novo regime sírio busca legitimidade com reformas, mas é acusado de repressão a minorias e censura cultural
Mudanças no currículo escolar sírio aprofundam divisões enquanto crescem denúncias de perseguições
247 - O novo regime sírio, que derrubou o presidente Bashar al-Assad em dezembro passado, tem promovido reformas que, sob o pretexto de modernização, buscam consolidar sua legitimidade internacional, enquanto se multiplicam os relatos de perseguições a minorias religiosas e de repressão cultural.
Os Estados Unidos, que têm dado suporte velado aos jihadistas no poder na Síria, vêm negociando com as novas autoridades os chamados "princípios de transição". Como parte desse alinhamento, Washington cancelou a recompensa de US$ 10 milhões pela captura do líder de fato sírio, Ahmed al-Sharaa, após reuniões com representantes do grupo terrorista Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que liderou a ofensiva-relâmpago que resultou na queda de Damasco.
Sob pressão por mudanças internas, o novo governo nomeou recentemente Maysaa Sabreen como chefe interina do Banco Central, marcando um momento histórico ao colocar pela primeira vez uma mulher no cargo. Sabreen, que já atuava como porta-voz do Banco Central desde 2018 e ocupou o cargo de primeira vice-chefe, representa uma tentativa de sinalizar modernidade para a comunidade internacional.
Contudo, o autoritarismo das novas autoridades é cada vez mais evidente. O Ministério da Educação, sob a liderança do recém-nomeado Nazir Mohammad al-Qadri, anunciou nesta quarta-feira (1) uma ampla reforma no currículo nacional, desencadeando um intenso debate público. As mudanças, que impactam todos os níveis de ensino, incluem alterações nas disciplinas de Estudos Religiosos e História, como a remoção de referências às conexões históricas da Síria com religiões politeístas, segundo o The New Arab.
Enquanto isso, os relatos de repressão a minorias religiosas se intensificam. Militantes do HTS iniciaram uma violenta campanha contra a comunidade alauíta em Homs, após protestos contra o novo governo, segundo informações da PressTV. Uma operação foi realizada na cidade nesta quinta-feira (2), com alvos específicos, incluindo organizadores de protestos.
Além disso, a histórica cidade de Maaloula, considerada um dos berços do Cristianismo mundial, enfrenta uma grave ameaça. Militantes jihadistas intensificaram uma campanha de limpeza étnica contra a população cristã local, pondo em risco a herança religiosa e cultural da região, denunciou a Fundação Cristã Iraquiana. (Com informações da Sputnik).
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: