“O Ocidente quer reencarnar a Guerra Fria”, diz Lavrov
A declaração foi feita nesta quinta-feira (5), durante a cúpula da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa
247 - Em sua primeira visita oficial a um país da União Europeia desde o início da guerra na Ucrânia, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, acusou o Ocidente de fomentar uma nova "Guerra Fria" ao apoiar massivamente Kiev. A declaração foi feita nesta quinta-feira (5), durante a cúpula da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), realizada em Malta, conforme reportou a agência estatal russa RIA Novosti.
“[O Ocidente é responsável por uma] reencarnação da Guerra Fria, agora com um risco maior de se converter em [uma guerra] quente”, afirmou Lavrov, ao destacar a escalada de tensões que, segundo ele, ameaça transformar o confronto em um conflito direto.
Lavrov, que não visitava um país europeu desde dezembro de 2021, é alvo de sanções impostas pela União Europeia devido ao seu papel na guerra na Ucrânia. Em reuniões anteriores da OSCE, o diplomata criticou duramente a organização, acusando-a de ser um "apêndice" da Otan e da UE.
Desta vez, sua presença provocou reações enérgicas, especialmente do ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiga, que classificou Lavrov como "criminoso de guerra" e apontou a Rússia como a maior ameaça à segurança europeia.
“A Rússia não é um parceiro, é a maior ameaça à nossa segurança comum. Sua participação na OSCE representa um perigo para a cooperação na Europa”, declarou Sybiga durante a cúpula.
Diferentemente de 2022, quando a Polônia proibiu a presença de Lavrov na cúpula, Malta, atual anfitriã, permitiu a participação do chanceler russo, mesmo sob sanções europeias. O governo maltês justificou a decisão como uma forma de "manter abertos determinados canais de comunicação".
Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, afirmou que Lavrov usaria o evento para criticar o que chamou de "crise institucional" da OSCE. Segundo Zakharova, a organização tem sido instrumentalizada pelos interesses ocidentais e estaria "ucranizada".
A cúpula, que reúne 57 membros, incluindo representantes diplomáticos dos EUA, Rússia e Ucrânia, foi fundada em 1975 para reduzir tensões entre Oriente e Ocidente durante a Guerra Fria.
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