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    Ocidente critica a China sobre direitos humanos. País asiático responde: e a Faixa de Gaza, esse inferno vivo?

    Autoridades chinesas mencionaram EUA e Austrália, para criticar as ações militares no território palestino

    Bandeiras da China e dos EUA (Foto: Reuters)

    Por Michelle Nichols, Reuters - A Austrália, os Estados Unidos e outros 13 países criticaram a China na Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira por supostas violações dos direitos humanos em Xinjiang e no Tibete, o que levou a China a denunciá-los por ignorarem o "inferno vivo" na Faixa de Gaza.

    Confrontos sobre o tratamento dado pela China aos uigures e a outros muçulmanos têm se tornado frequentes tanto nas Nações Unidas em Nova York quanto no Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra. Um relatório da ONU publicado há dois anos afirmou que a "detenção arbitrária e discriminatória" de uigures e outros muçulmanos na região de Xinjiang, na China, pode constituir crimes contra a humanidade. O relatório também apontou que "graves violações dos direitos humanos" foram cometidas.

    "Instamos a China a cumprir as obrigações internacionais de direitos humanos que assumiu voluntariamente e a implementar todas as recomendações da ONU", disse o embaixador australiano na ONU, James Larsen, ao comitê de direitos humanos da Assembleia Geral da ONU.

    "Isso inclui a libertação de todas as pessoas arbitrariamente detidas tanto em Xinjiang quanto no Tibete, além de esclarecer com urgência o destino e o paradeiro dos familiares desaparecidos", acrescentou Larsen. Ele falou em nome da Austrália, Estados Unidos, Canadá, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Islândia, Japão, Lituânia, Países Baixos, Nova Zelândia, Noruega, Suécia e Reino Unido.

    Pequim negou repetidamente todas as acusações de abuso dos uigures. O embaixador da China na ONU, Fu Cong, acusou o grupo de países ocidentais de "recorrer a mentiras para provocar confrontos".

    "A situação dos direitos humanos que mais deveria chamar a atenção do comitê este ano é, sem dúvida, a de Gaza", disse ele. "Austrália e Estados Unidos, entre outros, minimizaram esse inferno vivo, enquanto lançavam ataques e difamações contra a pacífica e tranquila Xinjiang."

    A 'MAIOR MENTIRA'

    Militantes palestinos do Hamas atacaram Israel em 7 de outubro de 2023, matando 1.200 pessoas e sequestrando cerca de 250 outras. O aliado dos EUA, Israel, retaliou em Gaza, onde as autoridades da região dizem que mais de 42.000 pessoas foram mortas e quase todos os 2,3 milhões de habitantes do enclave foram deslocados.

    Fu afirmou que, se o número de mortos em Gaza não fosse suficiente para "despertar a consciência de alguns países ocidentais... então a sua chamada proteção dos direitos humanos dos muçulmanos não passa da maior mentira".

    Especialistas independentes de direitos humanos da ONU criticaram, no mês passado, principalmente os estados ocidentais por apoiarem Israel, apesar de suas ações em Gaza.

    Ao entregar a declaração dos EUA ao comitê, a embaixadora adjunta dos EUA, Lisa Carty, disse que Washington estava pedindo um cessar-fogo imediato em Gaza, a libertação imediata dos reféns mantidos pelo Hamas e para que Israel permitisse a entrada de mais ajuda no enclave.

    "Continuamos a condenar as atrocidades em andamento da China em Xinjiang, a repressão aos tibetanos, a repressão às instituições democráticas de Hong Kong e o uso da repressão transnacional para silenciar aqueles no exterior", afirmou Carty.

    O embaixador do Paquistão na ONU, Munir Akram, leu uma declaração ao comitê de direitos humanos em nome de 80 países, afirmando que qualquer questão relacionada a Xinjiang, Hong Kong e Tibete é um assunto interno da China. O grupo também disse ser contra a politização dos direitos humanos e os padrões duplos.

    "Nenhum país tem um histórico perfeito de direitos humanos. Mas nenhum país está acima de uma análise justa de suas obrigações de direitos humanos", disse Larsen, da Austrália. "É responsabilidade de todos nós não minar os compromissos internacionais de direitos humanos que beneficiam a todos, e pelos quais todos os estados são responsáveis."

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