Palestinos relatam agressões, abusos e torturas em prisão israelense
Mais de 1 mil civis palestinos ficaram detidos em Sde Teiman sem acesso a tribunais por até 75 dias e sem advogados por até 90 dias
247 - Reportagem do The New York Times, replicada pelo jornal O Globo, denuncia abusos e agressões sofridas por detentos palestinos em Sde Teiman, uma base da Força Aérea de Israel no sul do país, que ganhou notoriedade como um centro de detenção para palestinos capturados na Faixa de Gaza desde o início do conflito em outubro passado.
Desde o dia 7 de outubro, data que marcou o início de uma nova fase de confrontos entre Israel e o Hamas, Sde Teiman se tornou o destino de muitos palestinos capturados. As autoridades israelenses afirmam que a base serve como um ponto de interrogatório crucial. No entanto, as circunstâncias em que esses detentos são mantidos têm atraído críticas severas e alegações de abusos.
Testemunhas e ex-detentos descreveram as condições dentro da base como desumanas. Centenas de homens são mantidos isolados do mundo exterior, sem contato com familiares ou advogados. Alguns detentos relataram que foram proibidos de emitir qualquer som que não fosse um murmúrio, e só podiam se levantar ou dormir com permissão. Muhammad al-Kurdi, um motorista de ambulância detido por 32 dias após seu veículo tentar passar por um posto de controle israelense, descreveu sua experiência como um "inferno de 32 anos".
Uma investigação de três meses conduzida pelo New York Times trouxe à tona relatos perturbadores de abusos. Oito ex-detentos, cujas presenças na base foram confirmadas por militares, relataram ter sofrido agressões físicas. Sete afirmaram ter sido forçados a usar apenas fraldas durante os interrogatórios, e três mencionaram ter sido submetidos a choques elétricos.
As denúncias de maus-tratos não se restringem a Sde Teiman. Funcionários da UNRWA, a principal agência da ONU para refugiados palestinos, relataram abusos generalizados em várias instalações israelenses. A agência entrevistou centenas de pessoas que descreveram um padrão de tratamento desumano.
Os militares israelenses confirmaram que dos 4 mil detidos desde outubro, 35 morreram em Sde Teiman ou em hospitais próximos. Enquanto algumas mortes foram atribuídas a ferimentos ou doenças anteriores ao encarceramento, os oficiais negam que qualquer morte tenha ocorrido devido a abusos na base. No entanto, promotores estão investigando essas alegações.
Respostas Oficiais e Medidas
Em resposta ao crescente escrutínio, incluindo uma petição apresentada à Suprema Corte por grupos de direitos humanos, o governo israelense prometeu reduzir o número de detidos e melhorar as condições em Sde Teiman. Um painel foi estabelecido para investigar o tratamento dos detidos, e 12 soldados foram afastados por uso excessivo de força.
Os militares israelenses, em uma declaração longa e defensiva, negaram veementemente qualquer abuso sistemático na base. Alegaram que as acusações de maus-tratos individuais eram "evidentemente incorretas ou completamente infundadas" e poderiam ser manipulações do Hamas.
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