Palestinos se desesperam para fugir de Rafah enquanto os israelenses avançam
"Vimos morte, vimos pessoas sem cabeça. Mal ficamos aqui por dois meses, e então eles disseram para irmos embora. Eles jogaram panfletos em nós", diz mulher palestina
RAFAH (Reuters) - A família Anseir carregou seus escassos pertences em um carro amassado, na esperança de escapar antes de uma ofensiva terrestre israelense em Rafah, onde mais de um milhão de habitantes de Gaza, que pensavam estar seguros, agora lutam para encontrar meios de fugir novamente.
Mai Anseir e sua família de 25 pessoas -- que já tiveram que se mudar três vezes por conta dos bombardeios israelenses -- dizem que ficaram sem opções à medida que as tropas de Israel se aproximam do último santuário no extremo sul da Faixa de Gaza. "Estamos aqui, não sabemos como sair. Nossa capacidade financeira não nos permite conseguir transporte para irmos embora", disse a mãe de cinco filhos em uma escola abandonada da ONU, onde a família se abrigou.
"E não podemos ficar (neste) lugar porque é 'zero'. O lugar é miserável. Não há serviços, não há água, não há eletricidade. Não há vida no lugar em que estávamos."
Israel ordenou que os residentes saíssem do leste de Rafah na semana passada e estendeu a ordem às áreas centrais da cidade nos últimos dias, fazendo com que centenas de milhares de pessoas, a maioria já deslocada, fugissem para novos abrigos. Tanques israelenses já cortaram a via principal de Salahuddin, que separa os distritos leste e central de Rafah.
Com a ordem de retirada e a chegada dos combates, hospitais rapidamente fecharam e os escassos suprimentos de ajuda desapareceram. Moradores dizem não ter ideia de para onde ir agora, ou como chegar lá.
Anseir relatou que precisa de leite e tratamento médico para uma criança com problema cardíaco. Ela não pode mais obtê-los em Rafah. "A vida e a morte agora são a mesma coisa. Esperamos em Deus que logo haja alívio, porque o alívio está apenas nas mãos de Deus. Ele não virá de ninguém. Apelamos apenas para aqueles que têm corações compassivos; organizações humanitárias", disse ela.
Sua cunhada Abeer, que tem oito filhos, disse que a comida de caridade que a família costumava receber agora já não existe mais. "Toda a área, que eles dizem ser segura, não é mais segura", disse, enquanto a chuva caía sobre o terreno vazio da escola.
"Vimos morte, vimos pessoas sem cabeça. Mal ficamos aqui por dois meses, e então eles disseram para irmos embora. Eles jogaram panfletos em nós", disse ela. "Como você pode ver, não sabemos para onde ir ou vir. É como se estivéssemos escapando de morte em morte."
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