Poderiam os Houthis ter derrubado um caça americano no Mar Vermelho?
O Exército norte-americano afirmou se tratar de um aparente "fogo amigo"
247 - Os povos Houthis, que ocupam o Iêmen e recebem apoio do Irã, reivindicaram um ataque a um caça F/A-18 da Marinha dos Estados Unidos. O Exército norte-americano afirmou se tratar de um aparente "fogo amigo". Dois pilotos foram resgatados com vida.
"O cruzador de mísseis guiados USS Gettysburg, que faz parte do Grupo de Ataque do Porta-Aviões USS Harry S. Truman, disparou acidentalmente e atingiu o F/A-18", declarou o Comando Central dos EUA (CENTCOM) em comunicado. "As forças do CENTCOM realizaram os ataques deliberados para interromper e degradar as operações dos Houthis, como ataques contra navios de guerra da Marinha dos EUA e embarcações mercantes no sul do Mar Vermelho, Bab al-Mandeb e Golfo de Áden".
A tenente-coronel aposentada da Força Aérea dos EUA, Karen Kwiatkowski, ponderou sobre a explicação emitida pelo Exército americano. Segundo ela, o Pentágono normalmente evita admitir incidentes de fogo amigo devido ao constrangimento. O rápido reconhecimento após o acidente sugere que a verdade pode ser ainda mais embaraçosa.
O incidente está sendo minimizado e pouco reportado na mídia doméstica, exceto pela sobrevivência dos pilotos. Também existem evidências confirmadas das capacidades dos Houthis para atingir navios, drones e aeronaves mais lentas no Mar Vermelho nos últimos 15 meses.
"Sabemos que os Houthis são endurecidos pela guerra, extremamente resistentes, inteligentes e motivados", afirmou a tenente. "Eles possuem uma variedade de drones e mísseis hipersônicos e estão travando uma longa guerra por razões fundamentais, especificamente para libertar o mundo árabe da dominação de Israel, da OTAN e dos EUA."
De acordo com a tenente, o principal motivo para a minimização do incidente é que "a Marinha e a Força Aérea dos EUA estão envelhecendo, sobrecarregadas pelos tipos de missões globais exigidas por seus políticos e desmoralizadas tanto pela política de 'guerra' quanto pela liderança militar extremamente fraca".
"A postura ofensiva naval dos EUA – 12 Grupos de Batalha de Porta-Aviões nucleares com escoltas de submarinos associadas – tornou-se um alvo global e uma presa fácil tecnologicamente falando", sendo "difíceis de tripular, caros para operar e complicados de defender".
As mudanças necessárias estão sendo resistidas pela atual liderança militar e política, segundo a ex-analista do Pentágono. "É o fim desse modelo e um momento para uma nova postura militar dos EUA que corresponda aos seus meios reais e objetivos constitucionais. E, ouso dizer nesta época do ano, um impulso pela paz", concluiu Kwiatkowski.
ENTENDA AS TENSÕES NO ORIENTE MÉDIO - Os Houthis intensificaram suas ações contra Israel nos últimos meses devido ao genocídio cometido na Faixa de Gaza, onde, segundo o Ministério da Saúde local, mais de 45 mil palestinos morreram vítimas dos bombardeios israelenses desde outubro do ano passado. No último sábado (21), um míssil lançado do Iêmen atingiu a região de Tel Aviv, deixando quase 20 pessoas feridas.
O movimento Houthi nasceu nos anos 1990, quando seu líder, Hussein al-Houthi, lançou o movimento Believing Youth ("Juventude Crente"), associado ao islamismo xiita conhecido como zaidismo. Os Houthis têm atacado Israel devido ao genocídio cometido pelas forças israelenses na Faixa de Gaza.
Em 1º de outubro deste ano, o Irã lançou cerca de 200 mísseis contra Israel em retaliação à morte de aliados do governo iraniano, como Hassan Nasrallah, chefe do Hezbollah. Comandado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o governo israelense afirmou que estava sendo atacado por forças iranianas desde outubro de 2023.
Apoiado pelo Irã, o Hezbollah é sediado no Líbano, onde Israel lançou, em 23 de setembro, ataques que deixaram mais de 500 vítimas fatais no dia mais mortal desde 2006. Em 4 de novembro, o Ministério da Saúde libanês informou que, nos 13 meses anteriores, mais de 3 mil pessoas morreram e mais de 13 mil ficaram feridas devido aos ataques israelenses. Mais de 1,2 milhão de pessoas foram obrigadas a se deslocar.
Uma equipe jurídica da África do Sul denunciou Israel na Corte Internacional de Justiça (CIJ) devido ao genocídio em Gaza. O órgão, sediado na Holanda, recomendou a paralisação do massacre, mas Israel expandiu suas ofensivas.
Apoiado pelos Estados Unidos, Netanyahu continua solto. Parlamentares da extrema-direita norte-americana pressionaram o Tribunal Penal Internacional (TPI) a não emitir um mandado de prisão contra o primeiro-ministro.
Em 21 de novembro, o TPI, também sediado na Holanda, expediu mandados de prisão contra Netanyahu, o ex-ministro da Defesa de Israel Yoav Gallant e Mohammed Deif, líder do Hamas que Israel afirmou ter matado. O grupo islâmico controla a Faixa de Gaza (com agências Sputnik e Xinhua).
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