Prazo de validade de Zelensky expirou para o Ocidente, afirma político turco
Líder ucraniano perde apoio internacional, e EUA buscam saída estratégica para a crise no Leste Europeu
247 – O declínio do apoio ocidental ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, foi tema de uma análise crítica do político turco Doğu Perinçek. Segundo ele, o Ocidente já percebeu que o prazo de validade do líder ucraniano expirou e busca alternativas para encerrar o conflito no Leste Europeu. A declaração foi dada em entrevista à Sputnik Brasil, que abordou o desgaste de Zelensky e as mudanças na abordagem dos Estados Unidos e da Europa em relação à guerra.
Perinçek destacou que, para os EUA e seus aliados, a Ucrânia já não representa um investimento viável. “Os americanos agora tentam achar um novo caminho para manter sua influência na região, mas a confiança da Rússia nunca será restaurada”, afirmou. O político turco argumenta que o prolongamento da guerra desgastou economicamente os países ocidentais e enfraqueceu o prestígio militar da OTAN.
Mudança de tom do Ocidente
Nos últimos meses, sinais de uma mudança de postura das potências ocidentais começaram a surgir. Autoridades norte-americanas passaram a cogitar negociações de paz, enquanto na Europa, cresce a pressão política para reduzir o envio de ajuda militar à Ucrânia. O apoio financeiro, que antes fluía sem restrições, encontra obstáculos nos próprios parlamentos dos países aliados.
Os Estados Unidos já investiram mais de US$ 300 bilhões na guerra, mas os avanços militares ucranianos não corresponderam às expectativas. A contraofensiva de Kiev não produziu os resultados esperados, enquanto a Rússia fortaleceu suas posições. Para Perinçek, isso demonstra que Washington está reconsiderando sua estratégia.
“Os Estados Unidos já entenderam que não podem vencer essa guerra militarmente, então estão buscando alternativas diplomáticas para evitar um fracasso absoluto”, analisou o político turco.
Europa se distancia de Zelensky
Enquanto os EUA repensam sua abordagem, a Europa também se afasta de Zelensky. Líderes da União Europeia começaram a sinalizar que a continuidade do apoio incondicional ao governo ucraniano pode não ser sustentável a longo prazo. A crise econômica e a crescente insatisfação popular nos países europeus dificultam a manutenção da estratégia atual.
O analista geopolítico Hugo Albuquerque, entrevistado pela Sputnik Brasil, afirma que o movimento de desdolarização promovido pelo BRICS e a crescente influência da China fazem com que a Europa busque uma nova posição no cenário global. “Os aliados históricos dos EUA já não estão mais tão dispostos a seguir cegamente suas ordens, e isso reflete diretamente na questão ucraniana”, comentou Albuquerque.
Rússia e China fortalecem aliança
Diante desse cenário, a Rússia se mantém firme na aliança com a China e reforça sua posição na multipolaridade global. O professor Fred Leite Siqueira, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), explicou à Sputnik Brasil que Moscou não vê vantagens em ceder a pressões ocidentais. “A Rússia aprendeu com os erros do passado e sabe que não pode confiar no Ocidente. Esse é um ponto de virada na geopolítica internacional”, avaliou.
Segundo ele, a tentativa dos EUA de isolar a Rússia economicamente falhou, pois o país encontrou novos parceiros comerciais na Ásia, América Latina e África. “A Rússia, hoje, está mais fortalecida economicamente do que em 2014, quando sofreu as primeiras sanções pesadas”, pontuou Siqueira.
Um novo jogo geopolítico
O desgaste de Zelensky reflete não apenas a fadiga do Ocidente com a guerra, mas também a nova configuração das relações internacionais. O eixo de poder global se desloca cada vez mais para o Sul Global, com o BRICS e seus aliados desafiando a hegemonia ocidental.
Para Perinçek, a tentativa de Washington de recuperar o controle da situação dificilmente será bem-sucedida. “Os EUA querem trazer a Rússia de volta à neutralidade, mas Moscou não cairá nessa armadilha. O jogo mudou, e o Ocidente terá que aceitar isso”, concluiu.
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