Putin discute laços energéticos e comerciais em visita ao Cazaquistão
O Cazaquistão continua altamente dependente da Rússia para exportar petróleo para os mercados ocidentais
(Reuters) – O presidente russo Vladimir Putin visitou o Cazaquistão nesta quarta-feira e discutiu o fortalecimento de laços nos setores de energia e indústria, além de buscar resolver disputas sobre produtos agrícolas com o país da Ásia Central, que exporta a maior parte de seu petróleo pela Rússia, mas está explorando alternativas.
Embora o Cazaquistão tenha tentado se distanciar da guerra de Moscou na Ucrânia, o país continua altamente dependente da Rússia para exportação de petróleo aos mercados ocidentais e para importação de alimentos, eletricidade e outros produtos.
"Nossos países estão... cooperando de forma construtiva no setor de petróleo e gás", escreveu Putin em um artigo intitulado "Rússia – Cazaquistão: uma união exigida pela vida e olhando para o futuro", publicado no jornal Kazakhstanskaya Pravda e no site do Kremlin na noite de terça-feira.
O ministro da Energia do Cazaquistão afirmou na segunda-feira que o país pode aumentar significativamente suas exportações de petróleo bruto pelo porto de Ceyhan, na Turquia, reduzindo a dependência das rotas russas. Apesar disso, mais de 80% do petróleo cazaque ainda é exportado por meio da Rússia, destacou Putin, acrescentando que ele e o presidente Kassym-Jomart Tokayev sempre priorizam "resultados concretos" nas negociações.
O assessor de política externa do Kremlin, Yuri Ushakov, informou que Putin e Tokayev assinarão um protocolo para estender um acordo sobre o fornecimento de petróleo ao Cazaquistão, mas não deu detalhes. Após a reunião, os líderes discutiram o aumento do trânsito de gás natural russo pelo Cazaquistão para o Uzbequistão e o Quirguistão, parte da estratégia de Moscou para se afastar dos mercados de energia europeus. Também falaram sobre projetos conjuntos em energia hidrelétrica, pneus para carros, fertilizantes e outros setores.
USINA NUCLEAR - Putin mencionou no artigo que a estatal russa Rosatom, já envolvida em projetos no Cazaquistão, está "pronta para novos projetos de grande escala".
Em outubro, o Cazaquistão aprovou a construção de sua primeira usina nuclear, sob um plano apoiado por Tokayev, mas criticado por cazaques preocupados com a participação de um vizinho que invadiu outro país. Contudo, o projeto nuclear não foi mencionado nas declarações após a reunião.
Tokayev também levantou a questão do comércio agrícola, após a Rússia proibir importações de grãos, frutas e outros produtos agrícolas do Cazaquistão em outubro, em resposta à proibição cazaque de trigo russo em agosto para proteger seus produtores.
"Nossos países não deveriam competir no mercado da União Econômica Eurasiática ou em mercados estrangeiros", afirmou Tokayev, referindo-se às exportações agrícolas dentro e fora do bloco comercial liderado por Moscou.
Apesar de gestos favoráveis a Moscou, como a criação de um órgão internacional para promover a língua russa na região pós-soviética, o governo cazaque também mantém relações amigáveis com o Ocidente. No mês passado, Astana declarou que não planeja se juntar ao BRICS, bloco que Putin busca fortalecer como contraponto ao Ocidente.
O Cazaquistão prometeu respeitar as sanções ocidentais à Rússia, embora algumas empresas cazaques tenham sido flagradas burlando as restrições.
A segurança foi reforçada em Astana durante a quarta-feira, com quarteirões inteiros bloqueados e helicópteros militares e caças patrulhando o céu.
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