Reino Unido e França propõem trégua parcial de um mês na Ucrânia

Reuters - A França e o Reino Unido estão propondo uma trégua parcial de um mês entre a Rússia e a Ucrânia, que abrangeria ataques contra infraestrutura aérea, marítima e energética, mas não incluiria combates terrestres, afirmaram o presidente francês, Emmanuel Macron, e seu ministro das Relações Exteriores.

As declarações foram feitas em meio a uma intensa movimentação diplomática europeia para reforçar o apoio do Ocidente à Ucrânia, após um encontro tenso entre o presidente Volodymyr Zelensky e o ex-presidente dos EUA Donald Trump, no Salão Oval da Casa Branca, na última sexta-feira.

"Uma trégua desse tipo, limitada a ataques aéreos, marítimos e à infraestrutura energética, nos permitiria avaliar se o presidente russo, Vladimir Putin, está agindo de boa-fé quando se compromete com um cessar-fogo. E é a partir desse ponto que poderiam começar negociações reais de paz", disse o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Noel Barrot, nesta segunda-feira.

Segundo a proposta anglo-francesa, tropas terrestres europeias só seriam enviadas à Ucrânia em uma segunda fase, afirmou Macron em entrevista publicada pelo jornal Le Figaro na noite de domingo.

"Não haverá tropas europeias em solo ucraniano nas próximas semanas", disse Macron ao Le Figaro, enquanto voava para Londres para um encontro de líderes europeus convocado pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, com o objetivo de avançar na elaboração de um plano de paz para a Ucrânia.

"A questão é como usaremos esse tempo para tentar alcançar uma trégua, com negociações que levarão várias semanas e, então, uma vez que a paz seja assinada, um possível envio de tropas", acrescentou Macron.

O presidente francês não especificou como a infraestrutura aérea, marítima e energética poderia ser monitorada.

"Para mim, isso só seria possível com a OTAN ou, pelo menos, sob comando da OTAN, além de sistemas Patriot, mísseis de longo alcance e aviação, que a Ucrânia não possui", disse um diplomata europeu. "E seria necessário negociar com a Rússia para que não realizasse ataques em larga escala."

O Kremlin, que já rejeitou a ideia de envio de tropas ocidentais para a Ucrânia, afirmou nesta segunda-feira que o embate entre Trump e Zelensky no Salão Oval mostrou como será difícil chegar a um acordo sobre o conflito.

"Diferentes opções" - Ao ser questionado sobre o plano mencionado por Macron, Zelensky afirmou a jornalistas em Londres: "Estou ciente de tudo."

Na segunda-feira, no entanto, o ministro das Forças Armadas do Reino Unido, Luke Pollard, evitou confirmar as propostas citadas por Macron e Barrot, dizendo: "Esse não é um plano que reconhecemos no momento."

"Certamente há várias opções sendo discutidas de forma privada entre o Reino Unido, a França e nossos aliados neste momento. Não seria adequado comentar cada uma dessas opções individualmente", disse Pollard à BBC.

No domingo, Starmer afirmou que os líderes europeus concordaram em elaborar um plano de paz para a Ucrânia a ser apresentado aos Estados Unidos, sem entrar em detalhes.

Enquanto isso, as partes envolvidas nas negociações para a formação do novo governo da Alemanha estão considerando criar rapidamente dois fundos especiais, possivelmente no valor de centenas de bilhões de euros — um para defesa e outro para infraestrutura —, segundo três fontes consultadas pela Reuters.

Economistas que assessoram os partidos que provavelmente formarão a nova coalizão estimam que seriam necessários cerca de 400 bilhões de euros (US$ 415 bilhões) para o fundo de defesa, disseram as fontes.

O acalorado debate entre Zelensky e Trump na Casa Branca na sexta-feira aumentou a sensação de urgência em Berlim para acelerar os gastos tanto com a defesa alemã quanto com o apoio à Ucrânia, afirmaram as fontes.

Os líderes da União Europeia se reunirão em uma cúpula extraordinária no dia 6 de março para discutir mais apoio à Ucrânia, garantias de segurança europeia e formas de financiar as necessidades de defesa do continente.