Richard Wolff analisa Trump, Hitler e o colapso do império americano
Economista traça paralelos históricos para discutir o declínio dos EUA
247 – Em análise contundente publicada no YouTube, o renomado economista marxista Richard D. Wolff abordou os sinais de decadência do império americano à luz da reeleição do presidente Donald Trump em 2025 e das reações populares diante da crise econômica e política nos Estados Unidos. O vídeo, intitulado "Trump, Hitler e o fim do império americano", propõe uma reflexão histórica profunda, sem aderir a comparações rasas entre figuras históricas.
Wolff sustenta que os Estados Unidos estão em uma fase terminal de seu domínio global e que os sinais de declínio são visíveis tanto internamente — com o aumento da desigualdade, precarização do trabalho e crise de representatividade — quanto na política externa, marcada por sanções e medidas desesperadas. “O império está caindo, e quando isso acontece, uma das formas de segurar o país unido é criar cruzadas”, explicou o economista, comparando esse impulso a ações imperialistas como o anúncio de Trump de querer "retomar o Canal do Panamá" e "tomar a Groenlândia da Dinamarca".
Ele ainda argumenta que, como no caso da Alemanha do entre-guerras, o sofrimento da classe trabalhadora nos EUA abre caminho para soluções autoritárias: “A classe trabalhadora está sendo atingida de muitas maneiras. Está revoltada, está com raiva, e não vê uma saída. Essa é uma descrição do proletariado alemão na ascensão de Hitler”.
Tarifa, inflação e populismo
Na avaliação de Wolff, as políticas econômicas de Trump não passam de manobras populistas para mascarar a falta de soluções estruturais. Ele critica especialmente a obsessão do presidente por tarifas alfandegárias, classificando-as como medidas economicamente retrógradas e ineficazes. “O café da manhã americano vai custar 20 dólares”, ironiza, ao ilustrar como as tarifas afetam diretamente o consumo popular.
Além disso, ele alerta que o mesmo eleitorado que colocou Trump no poder por causa da inflação sob o governo Biden poderá responsabilizá-lo por novos aumentos de preços. “Você acha que a classe trabalhadora está brava agora? Espere só”, disse.
O paralelismo histórico
Apesar de rechaçar a equivalência direta entre Trump e Hitler, Wolff acredita que há utilidade em estudar suas trajetórias como fenômenos históricos. “Entender isso nos torna estrategicamente mais preparados para evitar o que aconteceu com a Alemanha nos anos 1930”, pontuou. Ele recorda que Hitler também surgiu como uma resposta a uma crise estrutural — o fim da Primeira Guerra Mundial, o Tratado de Versalhes, a hiperinflação — e que sua ascensão foi catalisada pela ausência de uma alternativa política convincente.
“Quando um país perde suas guerras, destrói suas indústrias, mata milhões de seus jovens e depois é forçado a pagar indenizações colossais, ele enlouquece. A prova disso é que a Alemanha entregou o poder a um austríaco baixinho e moreno dizendo: ‘Você vai nos salvar, Adolf Hitler’”, afirmou Wolff.
América e o risco de repetição histórica
Wolff relembra que nos EUA dos anos 1950, muitos artistas e intelectuais de esquerda, como Bertolt Brecht e Charlie Chaplin, foram perseguidos por seus ideais. Segundo ele, “estamos apenas repetindo tudo de novo” em um novo ciclo de repressão ideológica, populismo e exclusão social.
Ele conclui que os EUA vivem um momento parecido com o fim do Império Romano: “A piada sobre o fim do Império Romano é que o imperador Nero tocava violino enquanto Roma queimava. Trump é o Nero de hoje — ele está tocando violino enquanto os Estados Unidos queimam”.
Reflexão final
A fala de Richard Wolff não aponta para alarmismo, mas para uma leitura crítica do momento histórico vivido pelos Estados Unidos. Em vez de focar apenas na figura de Donald Trump, o economista propõe entender as raízes estruturais da crise — sociais, econômicas e políticas — que tornaram sua ascensão possível.
“O problema não é o indivíduo. O problema é a estrutura que permitiu que ele se tornasse presidente novamente. Se não entendermos isso, não há como impedir que esse ciclo se repita.”
Wolff encerra com um convite à análise mais profunda e histórica, em vez da demonização superficial de personagens políticos: “Precisamos estudar o passado não para repetir os erros, mas para aprender com eles. O império está acabando, e temos que decidir o que virá em seu lugar.” Assista:
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