Tailândia recebe Min Aung Hlaing, líder militar de Mianmar, apesar de protestos internacionais
Presença de Min Aung Hlaing em Bangcoc ocorre em meio a guerra civil, isolamento internacional e crise humanitária após terremoto em Mianmar
247 - A Tailândia recebeu nesta quinta-feira (3) o comandante das Forças Armadas de Mianmar, Min Aung Hlaing, para uma cúpula regional com países da Baía de Bengala, conforme reportado pelo The New York Times. A visita ocorre dias após um terremoto de magnitude 7,7 atingir Mianmar, provocando ao menos 3.085 mortes, e enquanto persistem ataques aéreos do Exército em regiões sob conflito armado.
Desde o golpe de fevereiro de 2021, Min Aung Hlaing tem enfrentado sanções internacionais, foi afastado de reuniões da ASEAN — bloco do qual Mianmar faz parte — e é alvo de um mandado do Tribunal Penal Internacional por crimes contra a humanidade. Mesmo diante desse contexto, Bangcoc confirmou sua presença na cúpula, que reúne Índia, Sri Lanka, Bangladesh, Butão, Nepal, além de Tailândia e Mianmar.
A organização Justice for Myanmar, acompanhada por outras 318 entidades, solicitou que o governo tailandês cancelasse o convite. Em nota, afirmaram que a presença do general “causa danos significativos para o povo de Mianmar” ao conferir legitimidade internacional à junta.
A Human Rights Watch também se manifestou. “Min Aung Hlaing está posando com líderes asiáticos em Bangcoc após um terremoto devastador porque não se importa com o povo de Mianmar”, disse Elaine Pearson, diretora da entidade para a Ásia.
O ex-ministro das Relações Exteriores da Tailândia, Kasit Piromya, classificou a recepção como “um insulto à ASEAN”. Segundo ele, a decisão reflete “medo, ganância e ausência de compromisso democrático”.
Na véspera do encontro, o Exército de Mianmar anunciou um cessar-fogo de 21 dias para viabilizar ações de ajuda humanitária. No entanto, grupos armados afirmam que os ataques aéreos continuaram, mesmo após o terremoto. Durante a cúpula, Min Aung Hlaing deve abordar temas relacionados à tragédia e às formas de apoio internacional.
Relações com Rússia e China
Desde o golpe militar em Mianmar em fevereiro de 2021, o país tem fortalecido laços com China e Rússia. A Rússia tornou-se a principal fornecedora de armamentos para a junta militar, incluindo aeronaves utilizadas contra forças de oposição, além de colaborar em setores como energia nuclear e comércio .
A China, por sua vez, ajustou sua postura para apoiar o regime militar, evidenciado por visitas de alto nível e acordos de cooperação militar. Ambos os países têm fornecido assistência humanitária significativa após o terremoto de magnitude 7,7 que atingiu Mianmar em março de 2025, reforçando sua influência no país.
Terremoto recente causou grande destruição em Mianmar
Na última sexta-feira (28), um terremoto de magnitude 7,7 atingiu a região central de Mianmar, com epicentro próximo à cidade de Mandalay. O abalo resultou em mais de 3.000 mortes e milhares de feridos. A infraestrutura em várias áreas foi severamente danificada, incluindo o colapso de hospitais e outras instalações essenciais.
A comunidade internacional, incluindo as Nações Unidas, mobilizou assistência humanitária, mas o acesso foi prejudicado pelas restrições impostas pelo regime militar e pela destruição das vias de comunicação.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: