Talibã liberta cidadão norte-americano em detenção no Afeganistão desde 2022
George Glezmann foi solto após negociações diretas com enviado dos EUA; governo talibã classificou libertação como "gesto de boa vontade"
247 - O norte-americano George Glezmann foi libertado nesta quinta-feira (20) pelo governo talibã, após mais de dois anos detido no Afeganistão. A informação foi divulgada pela agência Reuters, que obteve detalhes do caso com uma fonte envolvida nas negociações.
A libertação ocorreu após conversas diretas entre o enviado dos Estados Unidos para assuntos de reféns, Adam Boehler, e autoridades do Talibã em Cabul.
Glezmann, que trabalhava como mecânico da Delta Airlines em Atlanta, foi preso em dezembro de 2022 enquanto visitava Cabul como turista. De acordo com a Foley Foundation, que acompanha casos de americanos detidos no exterior, ele apresentava problemas de saúde agravados durante a detenção e mantinha apenas contatos telefônicos esporádicos com sua esposa.
Segundo a fonte ouvida, Glezmann embarcou em um avião do governo do Catar, país que representa os interesses diplomáticos dos EUA no Afeganistão desde a retomada do poder pelos talibãs em 2021. Ele deixou o território afegão rumo a Doha, de onde seguirá para os Estados Unidos ao lado de Boehler.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, confirmou a libertação por meio de comunicado oficial divulgado na quinta-feira (20). A reunião que selou o acordo marcou o mais alto nível de diálogo direto entre os Estados Unidos e Afeganistão desde que Donald Trump assumiu a presidência em janeiro.
O encontro, realizado em Cabul, contou com a participação de Amir Khan Muttaqi, ministro das Relações Exteriores do Talibã, e do ex-representante especial dos EUA para o Afeganistão, Zalmay Khalilzad.
De acordo com o comunicado do Ministério das Relações Exteriores afegão, “durante a reunião, foram discutidas as relações bilaterais entre Afeganistão e Estados Unidos, a libertação de prisioneiros e a prestação de serviços consulares a afegãos nos EUA”.
Em publicação na rede social X, o governo do Catar afirmou ter “facilitado a libertação de Glezmann”. A mesma fonte ouvida pela Reuters disse que, após semanas de conversas, os negociadores do Catar conseguiram “um avanço” durante os encontros mais recentes com representantes do Talibã.
Em nota, os talibãs classificaram a libertação como um “gesto de boa vontade”, sinalizando a disposição de dialogar com os EUA “com base no respeito mútuo e em interesses comuns”. A fonte afirmou ainda que a soltura de Glezmann não está vinculada a qualquer troca por afegãos detidos pelos Estados Unidos.
Apesar disso, episódios anteriores indicam precedentes de trocas semelhantes. Em janeiro, os EUA libertaram um cidadão afegão condenado por tráfico de drogas e terrorismo em troca da liberação de dois americanos detidos no Afeganistão: Ryan Corbett e William McKenty. As negociações também contaram com o envolvimento de autoridades do Catar.
Ainda há pelo menos um cidadão norte-americano, Mahmood Habibi, considerado preso em território afegão.
A atuação de Adam Boehler tem sido decisiva na condução da diplomacia para a libertação de cidadãos americanos detidos no exterior. Glezmann é o segundo caso de alto perfil resolvido pelo enviado especial.
Em fevereiro, ele participou das negociações que garantiram a soltura do professor norte-americano Marc Fogel, detido na Rússia. Boehler também manteve conversas diretas com o grupo Hamas, com o objetivo de libertar reféns mantidos em Gaza, e esteve recentemente no Iraque para pressionar pela libertação da pesquisadora israelense e russa Elizabeth Tsurkov, estudante da Universidade de Princeton.
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