Trump afirma que Ucrânia quer negociar e Rússia está "pronta para a paz"
"É hora de parar com essa loucura. É hora de acabar com essa guerra sem sentido", disse Trump em discurso ao Congresso dos EUA
Reuters - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na terça-feira (4) que recebeu uma carta do presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy expressando a disposição da Ucrânia para negociar um acordo de paz com a Rússia. Trump também afirmou ter recebido "fortes sinais" de que Moscou está disposta a encerrar o conflito.
Em discurso ao Congresso, Trump leu trechos da carta de Zelenskiy: "A Ucrânia está pronta para vir à mesa de negociação o mais rápido possível para trazer uma paz duradoura mais perto. Ninguém quer a paz mais do que os ucranianos". O presidente norte-americano reforçou sua posição: "Não seria lindo? É hora de parar com essa loucura. É hora de acabar com essa guerra sem sentido".
Apesar das declarações, Trump não detalhou como pretende encerrar o conflito, que já se estende há mais de três anos e gerou a maior crise militar na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
Acordo de minerais e pressão sobre aliados europeus
Trump também mencionou um possível acordo sobre minerais estratégicos entre Washington e Kiev, considerado crucial para a continuidade do apoio militar norte-americano. Segundo quatro fontes citadas pela Reuters, a administração Trump planejava assinar o acordo em troca da retomada da ajuda militar, suspensa recentemente pelo presidente republicano. No entanto, o Secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou à Fox News que "não há assinatura planejada".
Na manhã de terça-feira, Zelenskiy expressou desejo de reaproximação com os EUA após um tenso encontro com Trump na Casa Branca, onde o presidente americano criticou o líder ucraniano por falta de gratidão. "Minha equipe e eu estamos prontos para trabalhar sob a forte liderança do presidente Trump para obter uma paz duradoura", declarou Zelenskiy em sua conta na rede social X.
A suspensão da ajuda militar americana coloca ainda mais pressão sobre os aliados europeus da Ucrânia. Reino Unido e França se ofereceram para enviar tropas para proteger um possível cessar-fogo, enquanto a Alemanha propôs a criação de um fundo de 500 bilhões de euros para aumentar os gastos com defesa. A União Europeia, por sua vez, planeja mobilizar até 800 bilhões de euros para reforçar sua capacidade militar.
O presidente francês Emmanuel Macron elogiou a abertura de Zelenskiy para negociação, mas seu primeiro-ministro, François Bayrou, criticou a decisão de Trump de interromper os suprimentos militares: "Suspender a ajuda durante uma guerra significa abandonar um país sob ataque e aceitar ou esperar que o agressor vença".
Repercussão na Ucrânia e reviravolta geopolítica
Na Ucrânia, a decisão de Washington foi recebida com surpresa e preocupação. Oleksandr Merezhko, chefe do comitê de relações exteriores do parlamento ucraniano, afirmou que Trump está "empurrando a Ucrânia para a capitulação". O primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, afirmou que as forças de Kiev continuarão resistindo, mas garantiu que o governo buscará manter laços com os EUA por "todos os canais disponíveis".
Em Moscou, o Kremlin classificou a decisão de Trump como "o melhor passo possível para a paz", mas afirmou aguardar mais detalhes antes de tomar novas medidas. A mudança de postura de Washington representa uma das maiores viradas geopolíticas das últimas décadas, desafiando a política externa dos EUA desde o pós-guerra, tradicionalmente voltada à contenção da influência russa na Europa.
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