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    Unicef: em Gaza, 90% das crianças sofrem de "grave pobreza alimentar"

    Relatório divulgado nesta quinta-feira mostra que uma em cada quatro crianças com menos de 5 anos no mundo não tem a alimentação mínima adequada. Em Gaza, a situação é ainda pior

    Palestina caminha com criança por prédios destruídos ao norte da Faixa de Gaza (Foto: Finbarr OReilly/Reuters)

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    247 - Nesta quarta-feira (6), a Unicef divulgou um relatório alarmante: mais de 25% das crianças menores de cinco anos em todo o mundo sofrem de "grave pobreza alimentar". Este fenômeno afeta mais de 180 milhões de crianças, expondo-as a sérias consequências para a saúde devido à falta de uma dieta nutritiva e diversificada, informa o jornal O Globo. Harriet Torlesse, uma das autoras do relatório, descreveu à AFP a situação como "chocante", ressaltando que muitas dessas crianças sobrevivem consumindo produtos de apenas dois ou menos grupos alimentares.

    A Unicef recomenda que crianças pequenas consumam alimentos de pelo menos cinco dos oito grupos alimentares diariamente: leite materno, cereais, frutas e vegetais ricos em vitamina A, carne ou peixe, ovos, laticínios, legumes e outras frutas e vegetais. No entanto, em 137 países de baixo e médio rendimento, 66% das crianças menores de cinco anos não têm acesso a essa diversidade alimentar diária, colocando-as em situação de "pobreza alimentar".

    Catherine Russell, chefe da Unicef, alertou que crianças que consomem alimentos de apenas dois grupos alimentares, como arroz e um pouco de leite, têm 50% mais probabilidade de sofrer formas graves de desnutrição. Esta condição não só aumenta o risco de morte, mas também prejudica o desenvolvimento cognitivo e físico, afetando o desempenho escolar e a capacidade futura de gerar renda, perpetuando o ciclo de pobreza.

    A "pobreza alimentar grave" está concentrada em 20 países, com a Somália (63%), Guiné (54%), Guiné-Bissau (53%) e Afeganistão (49%) apresentando as situações mais preocupantes. A Unicef também destacou a situação crítica em Gaza, onde, após a ofensiva de Israel iniciada em outubro, estima-se que 90% das crianças sofram de grave pobreza alimentar, um aumento dramático em relação aos 13% de 2020.

    Apesar de progressos lentos na última década, o relatório da Unicef apela à implementação de mecanismos de proteção social e ajuda humanitária para os mais vulneráveis. A agência também sugere uma transformação do sistema agroalimentar, criticando a comercialização agressiva de bebidas açucaradas e alimentos ultraprocessados, que são baratos, mas calóricos, salgados e gordurosos, sem fornecer os nutrientes necessários para o desenvolvimento infantil.

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