Vladimir Putin coloca Ocidente em alerta com ataque de mísseis de última geração, diz analista
Com o fim do INF, a dinâmica de segurança internacional foi alterada
247 - A escalada no uso de mísseis de longo alcance entre a Ucrânia e a Rússia trouxe à tona um antigo debate sobre o Tratado INF (Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário), assinado em 1987 por Ronald Reagan e Mikhail Gorbachev, e extinto em 2019, após a revogação unilateral dos Estados Unidos. Segundo o ex-analista da CIA Larry Johnson, esse tipo de armamento, utilizado recentemente pelos dois países em seus confrontos, estaria abrangido pelas restrições do tratado. Johnson, em entrevista à Sputnik, detalhou como os mísseis que estão sendo empregados atualmente são um reflexo direto da mudança no equilíbrio geopolítico após a retirada de compromisso dos EUA.
"Lembre-se de que houve o tratado de forças nucleares de alcance intermediário que foi assinado. Ele entrou em vigor com Ronald Reagan e Mikhail Gorbachev em dezembro de 1987", relembra Johnson. O tratado, que vigorou por mais de três décadas, limitava o uso de mísseis balísticos e de cruzeiro com alcances entre 500 e 5.500 km, proibindo o desenvolvimento de armamentos com essas características, em uma tentativa de reduzir a possibilidade de um conflito nuclear na Europa. "O tratado tratava de mísseis balísticos, mísseis de cruzeiro, lançadores de mísseis com um alcance de 500 a 1.000 km, ou seja, curto-médio alcance e 1.000 a 5.500 são chamados de alcance intermediário", explica.
Com o fim do INF, a dinâmica de segurança internacional foi alterada, e o recente ataque de mísseis pela Rússia contra a cidade de Dnepropetrovsk, na Ucrânia, é visto por muitos analistas como uma resposta direta à atitude dos EUA. Johnson interpreta o ato como uma clara mensagem de Vladimir Putin ao Ocidente. "O fato de os EUA terem revogado unilateralmente este tratado, eu acho que Vladimir Putin colocou os Estados Unidos e o Ocidente em alerta, 'ok, vocês revogaram esse tratado. Agora, vamos lhes mostrar o que temos'", afirma.
A Rússia, como reação ao uso de mísseis ocidentais, respondeu com um ataque devastador utilizando uma tecnologia de ponta: mísseis hipersônicos de curto e médio alcance, com capacidade MIRV (Multiple Independently Targetable Reentry Vehicle). Esse tipo de armamento permite que um único míssil transporte múltiplas ogivas e ataque alvos diferentes ao mesmo tempo, uma estratégia que confere grande vantagem ao exército russo. Johnson ressalta que esse tipo de míssil, além de ser balístico, possui a capacidade de alcançar velocidades muito superiores às dos sistemas de defesa ocidentais, tornando-o quase impossível de ser interceptado.
"O que torna isso particularmente interessante é que este [míssil] é hipersônico, então ele voa a uma velocidade que nenhum sistema de defesa aérea ocidental é capaz de parar", destaca Johnson. O ataque à instalação militar ucraniana em Dnepropetrovsk é um reflexo dessa superioridade tecnológica. De acordo com o ex-analista, a ação tem um objetivo claro: "Vladimir Putin, ao destruir esta instalação militar em Dnepropetrovsk, enviou uma mensagem muito clara para o Ocidente de que mais se seguirão", conclui. Ele ainda deixa no ar a dúvida sobre como o Ocidente reagirá a esse novo quadro de ameaças.
Essa crescente tensão reflete um cenário de insegurança no qual os tratados internacionais, que antes buscavam limitar a proliferação de armas de longo alcance, agora parecem estar cada vez mais distantes, enquanto novas tecnologias de armamentos avançam a passos largos. A comunidade internacional acompanha atentamente, pois a resposta dos países ocidentais a esses ataques pode redefinir os rumos do conflito e do equilíbrio de forças globais.
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