“Bolsonaro é lobo em pele de cordeiro e não deve ser normalizado pela mídia", diz Paulo Pimenta
Em artigo, ministro critica o espaço concedido pela mídia ao ex-presidente que tentou um golpe de estado em 8 de janeiro de 2023
247 – Em artigo publicado na Folha de S.Paulo, o ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social (Secom), fez um alerta incisivo sobre os perigos de normalizar a figura de Jair Bolsonaro, destacando que sua presença na esfera pública vai além do mero posicionamento conservador. Pimenta argumenta que, diferente do conservadorismo político tradicional, que faz parte do jogo democrático e enriquece o debate racional, Bolsonaro representa a extrema direita radical. Essa corrente tem uma base ideológica que se apoia na violência simbólica e real contra a democracia.
O ministro enfatizou que as práticas políticas de Bolsonaro são caracterizadas pela desinformação, pela disseminação de teorias conspiratórias e por narrativas que incitam ódio e divisão. Essas características, segundo Pimenta, se manifestaram de forma inequívoca em episódios como o ataque golpista de 8 de janeiro de 2023, que testou os limites das instituições democráticas do país. O autor ainda apontou para a tentativa recente de um militante do PL, Francisco Wanderley Luiz, que, em 13 de novembro, imbuído dessa ideologia combativa e violenta, recorreu a métodos extremistas e acabou morrendo após atacar com bombas o Supremo Tribunal Federal.
Para Pimenta, a recente publicação de um artigo de Bolsonaro na Folha de S.Paulo causou indignação e revela um esforço cínico do ex-presidente para se reinventar como defensor da democracia. Ele observa que essa postura é incoerente com o histórico de Bolsonaro, lembrando que, sob sua administração, o Brasil enfrentou a negligência durante a pandemia, resultando em mais de 700 mil mortos, além de inflação elevada e índices de desemprego que chegaram a 14%. Essas falhas expuseram a falta de uma política pública sólida que pudesse mitigar as crises enfrentadas pela população.
O ministro destaca que o presidente Lula e a coalizão democrática que ele liderou foram fundamentais para conter a maré antidemocrática e iniciar um processo de reconstrução dos valores democráticos. No entanto, ele reconhece que essa trajetória ainda é frágil, pois as vozes que atacam a democracia continuam ecoando mentiras e teorias conspirativas, minando a confiança pública.
Patriotismo de araque
Pimenta chamou a atenção para o fato de que Bolsonaro tem tentado capitalizar a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos para reforçar sua imagem e argumentar por sua inocência, embora seu "patriotismo" não resista ao contraste com sua admiração por símbolos e bandeiras estrangeiras. Para o ministro, o verdadeiro caminho para o Brasil se constrói com o povo brasileiro e através do fortalecimento de suas instituições, sem as distrações criadas por figuras que exploram a desinformação e o discurso do medo.
No encerramento de seu artigo, Pimenta citou a passagem bíblica de Mateus 7:15: “Cuidado com os falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores”. Ele reforça que a normalização de figuras políticas que usam a mentira, o histrionismo e a violência como instrumentos de poder não deve ser permitida. Segundo o ministro, a vigilância democrática é crucial para evitar que esses “lobos em pele de cordeiro” enfraqueçam o tecido democrático e comprometam o futuro do país.
O artigo é um chamado à reflexão sobre o papel da mídia e da sociedade em reconhecer e resistir a práticas políticas que subvertem a democracia e ameaçam seus fundamentos. Pimenta, inclusive, critica a própria Folha de S.Paulo pela concessão de espaço a Bolsonaro, ressaltando que é um erro dar voz a quem já provou ser um antagonista da ordem democrática.
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