Em mais uma grande vitória, Lula abre o mercado vietnamita para a carne brasileira e aviões da Embraer

247 – Durante visita de Estado ao Vietnã nesta sexta-feira (28), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva celebrou a abertura do mercado vietnamita à carne bovina brasileira, destacando a decisão como um marco estratégico para a expansão comercial do Brasil no Sudeste Asiático. As conquistas integram uma ampla agenda bilateral com o governo vietnamita, chefiado pelo presidente Luong Cuong.

“Meu governo tem interesse em reconhecer o Vietnã como economia de mercado”, afirmou Lula, que retornou a Hanói 17 anos após sua primeira visita, em 2008. “A abertura do mercado vietnamita para a carne bovina brasileira atrairá investimentos de frigoríficos do Brasil para fazer deste país uma plataforma de exportação para o Sudeste Asiático”, completou.

Plataforma regional e salto comercial

Com fluxo comercial bilateral já próximo de US$ 8 bilhões, o Vietnã tornou-se um dos mais importantes parceiros do Brasil na Ásia, superando países como Portugal, Reino Unido e França em volume de exportações brasileiras. A liberação do mercado para a carne bovina deve impulsionar ainda mais esses números e ampliar os investimentos de empresas brasileiras do setor de proteína animal.

A expectativa do governo é transformar o Vietnã em porta de entrada para o Sudeste Asiático, permitindo que o país se torne uma base para exportações de carne e outros produtos brasileiros de valor agregado, como aeronaves. Lula mencionou que a Vietnam Airlines está avaliando uma proposta da Embraer para fornecer jatos da família E-Jets, que são ideais para conexões regionais.

Aliança estratégica e reconhecimento econômico

A visita marca a formalização da Parceria Estratégica Brasil-Vietnã, estabelecida em novembro de 2024 e agora consolidada com a adoção de um plano de ação bilateral para o período 2025–2030. Além da abertura de mercados, a agenda inclui colaboração em ciência, tecnologia, educação e meio ambiente.

Ao mencionar o interesse do Brasil em reconhecer o Vietnã como economia de mercado, Lula sinalizou um avanço significativo no estreitamento das relações econômicas e diplomáticas, o que pode facilitar futuros acordos e reduzir barreiras comerciais.

Sustentabilidade e combate à fome

Outro ponto de destaque foi a proposta brasileira para que o Vietnã participe do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, voltado à preservação ambiental com compensações financeiras por esforços de conservação. Lula também agradeceu a adesão vietnamita à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, iniciativa liderada pelo Brasil e que dará início, em breve, à implementação de projetos-piloto.

Ao abordar as mudanças climáticas, o presidente destacou que tanto Brasil quanto Vietnã são grandes produtores de café e vêm sofrendo impactos nas lavouras. Ele reforçou a intenção de ampliar o intercâmbio técnico para fortalecer a resiliência da cafeicultura frente aos efeitos do aquecimento global.

Integração regional e espírito de mutirão

Lula convidou oficialmente o Vietnã para participar de dois grandes eventos internacionais sediados pelo Brasil este ano: a Cúpula do BRICS, no Rio de Janeiro, e a COP30, em Belém do Pará. “No Brasil, utilizamos a palavra ‘mutirão’ para nos referirmos a uma grande mobilização em torno de um objetivo comum. É com esse espírito que queremos chegar a Belém”, declarou.

O presidente também mencionou que, a partir de julho, o Brasil assumirá a presidência temporária do MERCOSUL e trabalhará por um acordo comercial com o Vietnã, visando equilíbrio e benefícios mútuos.

Laços culturais e futebol como símbolo de integração

Encerrando sua fala, Lula celebrou a vitória da seleção vietnamita no Campeonato da ASEAN, destacando a atuação do atacante Rafaelson, brasileiro naturalizado vietnamita. “Ele é um exemplo do que o Brasil e o Vietnã podem conquistar unindo suas forças”, disse, em tom de homenagem à integração cultural entre os dois países.

Ao completar 35 anos de relações diplomáticas, Brasil e Vietnã entram agora em uma fase de cooperação mais sólida, ancorada no comércio, na inovação tecnológica e no compromisso com o desenvolvimento sustentável.