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    Embaixadora americana vê Lula como 'líder do Sul Global' e alerta para supostos riscos da relação com a China

    Elizabeth Bagley diz que EUA comprarão minerais estratégicos do Brasil e aponta papel central de Lula na transição da Venezuela

    Apresentação de credências da embaixadora dos Estados Unidos da América no Brasil, Elizabeth Bagley (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

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    247 – Os Estados Unidos vão anunciar uma integração na cadeia de suprimentos de minerais críticos do Brasil e na transição energética, afirmou a embaixadora americana Elizabeth Bagley em entrevista à Folha de S. Paulo. Minerais como nióbio, grafite (grafeno), níquel e terras raras, essenciais para equipamentos de alta tecnologia, serão foco dessa iniciativa. O anúncio, planejado para coincidir com a presidência do Brasil no G20, pode aumentar as tensões com a China, que compete com os EUA pelo fornecimento desses recursos.

    A embaixadora destacou o papel do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na diplomacia, tanto regional quanto global, especialmente durante o bicentenário das relações bilaterais entre Brasil e EUA. "Vemos Lula como um líder importante do Sul Global", declarou Bagley. Ela também mencionou o apoio dos EUA à integridade das eleições brasileiras de 2022, com visitas do conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, e do secretário de Defesa, Lloyd Austin, para garantir a participação democrática das instituições brasileiras.

    Bagley afirmou que o Brasil é parte dos esforços americanos de nearshoring, que busca utilizar fornecedores de países aliados ou geograficamente próximos. "Fernando Haddad e Janet Yellen têm discutido intensamente sobre minerais críticos", revelou a embaixadora, acrescentando que se reuniu com ministros brasileiros para debater a transição energética e a cadeia de suprimentos desses minerais.

    Apesar de o Brasil ainda não fazer parte da Parceria para Infraestrutura e Investimento Global, Bagley indicou que há negociações em andamento com o Departamento de Estado e do Tesouro dos EUA. Enquanto isso, a China tenta atrair o Brasil para a Iniciativa Cinturão e Rota. "Nosso investimento direto estrangeiro no Brasil é enorme e continuará a crescer", disse ela, comparando os US$ 192 bilhões investidos pelos EUA com os US$ 30 bilhões da China.

    A expansão do Brics também foi abordada. Bagley comentou que é difícil prever os objetivos do bloco, mas enfatizou que os EUA não veem o Brics como concorrente. Em relação à tecnologia, expressou preocupações sobre a presença de empresas chinesas como Huawei e TikTok no Brasil, alertando para questões de segurança e privacidade. "Negociem com cuidado e com os olhos abertos", aconselhou.

    Bagley também mencionou a contribuição prometida pelos EUA ao Fundo Amazônia e discutiu temas internacionais como Gaza e Ucrânia. Ela destacou o papel do Brasil na pressão por eleições livres na Venezuela e na gestão da crise na Guiana. "O presidente Lula tem uma influência significativa sobre Maduro e tem pressionado por eleições justas", afirmou a embaixadora.

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