Quaquá articula Eduardo Paes como vice de Lula em 2026 e busca atrair PSD e MDB
"Paes é um nome querido no Rio, ajuda, é jovem, agrega à chapa. Tem que fazer uma operação no PSD com o Kassab e, de quebra, traria o MDB”, disse
247 - O vice-presidente nacional do PT, Washington Quaquá, tem defendido nos bastidores de Brasília e no cenário político fluminense que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convide o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), para compor a chapa como vice na disputa à reeleição em 2026. Segundo a coluna da jornalista Malu Gaspar, de O Globo, Quaquá avalia que a movimentação, que deixaria Geraldo Alckmin (PSB) de fora da chapa, poderia consolidar o PSD de Gilberto Kassab na coligação petista e atrair o MDB.
As duas siglas estão entre as maiores do Brasil e controlam três ministérios cada uma no governo Lula, mas ainda hesitam em declarar apoio a um quarto mandato do presidente. Ambas enfrentam divisões internas: no Sudeste e Sul, setores mais conservadores resistem a Lula, enquanto no Nordeste e Norte, alas alinhadas ao petismo têm maior influência. Para tentar um consenso, o MDB tem cogitado ocupar a vice-presidência com nomes como os ministros Renan Filho (Transportes) e Simone Tebet (Planejamento) ou o governador do Pará, Helder Barbalho.
Para Quaquá, que também é prefeito de Maricá (RJ), a entrada de Eduardo Paes mudaria o jogo. “A gente isolaria o bolsonarismo no Rio, que é um estado central para a direita. Se enfraquecermos o grupo de Jair Bolsonaro aqui, será uma vitória. Paes é um nome querido no Rio, ajuda, é jovem, agrega à chapa. Tem que fazer uma operação no PSD com o Kassab e, de quebra, traria o MDB”, declarou Quaquá à coluna.
A estratégia de Quaquá inclui um efeito colateral que poderia consolidar o MDB na aliança: se Paes aceitasse ser vice de Lula e desistisse de disputar o governo do Rio – candidatura que ele não admite oficialmente, mas é dada como certa por aliados –, seria necessário encontrar outro nome para concorrer ao governo estadual dentro do mesmo campo político.
Conforme pesquisa Quaest, divulgada na quinta-feira (27), Eduardo Paes lidera a corrida pelo governo estadual, a quase dois anos das eleições. Apesar de não admitir publicamente a candidatura, que exigiria sua renúncia à prefeitura em março de 2026, Paes tem intensificado sua presença no interior do estado para se viabilizar como alternativa.
O atual governador, Cláudio Castro (PL), não pode disputar um terceiro mandato e já anunciou sua intenção de concorrer ao Senado em 2026, o que permitiria que o vice, Thiago Pampolha (MDB), assumisse o governo. Sem Paes na disputa e com a máquina estadual em mãos, Pampolha se tornaria o candidato natural ao governo do Rio. No cenário traçado por Quaquá, ele poderia contar com o apoio de Lula e do PT.
“Tenho conversado com todo mundo aqui no estado e em Brasília. Depois do Lula [caso reeleito], não há ninguém no mercado eleitoral para 2030. Esse alguém pode ser o Eduardo. Quem for vice do Lula terá uma importância enorme”, defendeu Quaquá.
Quaquá, no entanto, evita comentar sobre a posição de Eduardo Paes nessa equação. O blog procurou o prefeito para questionar sua disposição de integrar a chapa presidencial, mas não obteve resposta até o fechamento desta reportagem.
O vice-presidente do PT afirma que tem dialogado com lideranças da gestão Cláudio Castro e que já encontrou receptividade de alguns interlocutores. Ainda de acordo com a reportagem, ele não descarta a possibilidade de que Castro concorra ao Senado em uma chapa liderada por Pampolha, com apoio de Lula, mas fora do PL. Nesse arranjo, o PT indicaria o segundo candidato ao Senado. O partido já sinalizou que seus favoritos para essa vaga são o ex-prefeito de Maricá, Fabiano Horta, e a ex-governadora Benedita da Silva.
O MDB governou o Rio entre 2003 e 2018, com Rosinha Garotinho, Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão, mas perdeu força desde a Operação Lava Jato, que levou suas principais lideranças à prisão. Hoje, Pampolha é um dos nomes mais prestigiados dentro do partido, e sua boa relação com Eduardo Paes pode facilitar um acordo para 2026. Em 2024, Pampolha contrariou Castro e apoiou Paes na eleição municipal, enquanto o governador estava ao lado do bolsonarista Alexandre Ramagem (PL). Quaquá acredita que a importância histórica do Rio para o MDB pode garantir o apoio formal da legenda a Lula.
Contudo, o plano de Quaquá enfrenta desafios. O governador Cláudio Castro já manifestou sua preferência por Rodrigo Bacellar (União Brasil), presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), como seu sucessor. Bacellar, por sua vez, tem deixado claro que só aceitaria a candidatura se pudesse assumir o governo ainda em 2025, o que forçaria a renúncia de Pampolha. Até o momento, o vice-governador tem resistido a essa possibilidade, o que pode dificultar as articulações de Castro.
O apoio de Lula e do PT poderia ser um diferencial para Pampolha, especialmente porque Bacellar já conquistou a simpatia da família Bolsonaro. No entanto, o sucesso da estratégia de Quaquá depende de diversas variáveis, incluindo a disposição de Gilberto Kassab em levar o PSD para a chapa de Lula – um cenário que hoje parece distante. A última vez que o PSD se aliou ao PT foi na reeleição de Dilma Rousseff, em 2014, mas o partido rompeu com o governo dois anos depois, apoiando o impeachment de Dilma.
Além disso, Kassab é uma peça-chave na gestão do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e tem sido cotado como um dos nomes para disputar a herança política de Jair Bolsonaro, caso a popularidade de Lula continue em queda.
Já o MDB, que lançou Tebet em 2022, pode optar por uma postura de neutralidade no primeiro turno, apostando no peso de sua bancada parlamentar na negociação com o próximo governo, independentemente de quem seja eleito.
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