Desmontar a guerra às drogas e reparações sociais são medidas essenciais para um novo projeto de país, diz Eduardo Ribeiro
Diretor-executivo da Iniciativa Negra defendeu em evento do Brasil 247 e do Conjur a centralidade da questão racial na nova política de drogas
247 - O cofundador e diretor-executivo da Iniciativa Negra, Eduardo Ribeiro dos Santos, afirmou que a política de drogas no Brasil tem um forte viés racial, com a aplicação das leis impactando desproporcionalmente a população negra.
Ribeiro, especialista em segurança pública, em política sobre drogas e gestão de políticas públicas, falou no painel "O Combate ao Racismo e ao Encarceramento em Massa", durante o evento "A Política Nacional sobre Drogas: Um Novo Paradigma", realizado pelo Brasil 247, TV 247 e Consultor Jurídico, com apoio do grupo Prerrogativas, em Brasília (DF).
Ele ressaltou o protagonismo do movimento negro na mobilização que pressionou por recentes decisões judiciais sobre o porte de cannabis e celebrou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que descriminalizou o porte de maconha.
No entanto, Ribeiro alertou que as discussões precisam se aprofundar para evitar a ampliação das desigualdades raciais. Nesse sentido, ele defendeu políticas reparatórias para a população negra.
"Não basta discutir apenas a aplicação da atual decisão sem discutir de forma profunda que queremos reparação nesse país. Qualquer debate que seja para tornar a maconha uma nova commodity e ampliar a disparidade racial no país, não queremos. Trabalhamos para que a regulação ajude a desmontar a uma guerra", afirmou.
Ribeiro também enfatizou a necessidade de aproximar o debate das pessoas, mostrando como a criminalização afeta a vida cotidiana. Para ele, não há projeto de país possível sem enfrentar a guerra às drogas e suas consequências devastadoras.
"Convivemos com todas as características das guerras declaradas fora do país. A guerra não é só um slogan, precisa de um orçamento. Precisamos demonstrar que a guerra às drogas impacta na mobilidade urbana dos trabalhadores. Temos estudos sobre isso em Salvador. Precisamos dizer que a criminalização da cocaína tem a ver com o número de tiros perto de escolas. Temos estudos sobre isso também, afirmou Ribeiro.
"Não existe projeto de país sem desmontar a lógica da guerra. Se estamos sofrendo com a guerra, é porque tem alguém lucrando com nosso sangue. A guerra também se movimento a partir de dois conceitos próprios: efeito colateral, nós, e a destruição da defesa do inimigo, através do encarceramento, especialmente de mulheres negras", concluiu.
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