Legalização da cannabis é uma tendência irreversível no mundo, diz Pedro Abramovay
Vice-presidente de programas da Open Society Foundations alerta em evento do Brasil 247 e do Conjur que regulamentação não pode excluir os mais pobres
247 - A guerra às drogas, liderada pelos Estados Unidos, causou violência e milhares de mortes na América Latina, enquanto hoje muitos estados norte-americanos legalizaram o uso recreativo da cannabis. Nos próprios EUA, a legalização da cannabis gerou benefícios econômicos, embora muitas vezes excluindo comunidades pobres e negras que antes dominavam o comércio ilegal.
Essa foi a análise feita pelo vice-presidente de programas da Open Society Foundations, Pedro Abramovay, durante o painel "As Experiências Internacionais", durante o evento "A Política Nacional sobre Drogas: Um Novo Paradigma". A conferência foi realizada pelo Brasil 247, TV 247 e Consultor Jurídico, com apoio do grupo Prerrogativas, na última terça-feira (18), em Brasília (DF).
Abramovay criticou o atraso da decisão do Supremo Tribunal Federal que descriminalizou o porte de cannabis, uma década após muitos outros países. "A decisão do Supremo é muito bem-vinda, mas a sensação é quase de bem-vindo ao passado. Descriminalizando o consumo de porte pessoal, estamos 10 anos atrasados em relação à América do Sul e à maioria das democracias do mundo, também na Europa". afirmou.
Ele destacou que, em diversas democracias ao redor do mundo, essa já é uma questão consolidada e amplamente aceita. "Nos EUA também havia uma forte rejeição, como há no Brasil, à legalização. Em questão de 5 a dez anos, a partir do fato de que se viu que não aumentou o consumo, principalmente da juventude. Em outras faixas etárias mais elevadas chegou a subir um pouco o consumo em certos estados. Hoje, inclusive o Donald Trump é favorável, porque é um tema de aprovação geral no país", disse.
"Nos EUA e outras partes do mundo, onde houve liberalização e legalização das drogas, não se voltou atrás. No Uruguai, passou governo de esquerda e direita e não mudou isso. Nos EUA também não mudou. Essas políticas têm sido incorporadas porque se enfrenta a realidade de acabar com a irracionalidade de acabar com uma política repressiva", afirmou.
Na grande maioria dos casos, o efeito sobre as pessoas e na opinião pública a partir de tomar essa decisão é muito mais positivo do que negativo", disse Abramovay, mencionando a necessidade de combater a lógica da guerra às drogas e desconstruir as fake news relacionadas ao tema.
AEle também alertou para um processo de liberalização das drogas "que gere benefícios econômicos, mas acabe excluindo as comunidades pobres e negras que antes dominavam o comércio ilegal".
"Não pode ser um processo de benefícios econômicos controlados por grandes grupos, tirando um comércio de pessoas menos favorecidas", afirmou.
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