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    Esquema bilionário: gravação expõe bastidores da Operação Overclean

    Áudio revela pedido de R$ 200 mil para “monetizar em Brasília” em esquema de desvio de recursos públicos

    Agentes da Polícia Federal (Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)
    Guilherme Levorato avatar
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    247 - Uma gravação obtida por Mirelle Pinheiro, do Metrópoles, revelou novos detalhes do esquema criminoso desarticulado pela Operação Overclean, deflagrada pela Polícia Federal em dezembro do ano passado. O áudio, que integra o inquérito da operação, traz uma conversa na qual um investigado solicita R$ 200 mil para "monetizar em Brasília", indicando a intenção de utilizar o valor em articulações políticas. A operação expôs uma complexa rede de desvio de recursos públicos envolvendo empresários, servidores e operadores políticos, com contratos fraudados que movimentaram cerca de R$ 1,4 bilhão.

    O esquema, liderado pelo empresário Alex Rezende Parente, baseava-se em fraudes licitatórias, superfaturamento e uso de empresas fantasmas para desviar recursos. Parte desses valores era destinada a propinas que beneficiavam agentes públicos e políticos, especialmente em Brasília, onde a quadrilha atuava para liberar emendas e convênios relacionados a obras superfaturadas em várias regiões do Brasil. Grande parte dos contratos fraudados envolvia o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), segundo as investigações.

    O áudio e as ramificações do esquema - No diálogo citado no inquérito, Alex Parente reencaminha um áudio para Lucas Maciel Lobão Vieira, conhecido como Lobão, no qual uma terceira pessoa menciona a necessidade de uma "contribuição" de R$ 200 mil. Lobão, por sua vez, afirma que entraria em contato com os responsáveis pelo pedido, evidenciando o vínculo direto entre os líderes do esquema e operadores na capital federal.

    Além de Alex Parente, a investigação aponta para outros integrantes do núcleo central, como Fábio Parente. A quadrilha também cooptava servidores públicos para facilitar as fraudes em licitações e a aprovação de contratos superfaturados, enquanto advogados do grupo utilizavam suas prerrogativas para dificultar o rastreamento das operações financeiras ilícitas.

    Movimentações milionárias e pressão política - Interceptações telefônicas revelaram que Alex Parente enfrentava dificuldades para “faturar” e reclamava de atrasos em pagamentos de junho e julho. Em 2024, o grupo movimentou cerca de R$ 825 milhões em contratos públicos, utilizando empresas como Allpha Pavimentações e Larclean Ambiental para dissimular o fluxo de recursos desviados. 

    O inquérito detalha a dinâmica da organização, que era estruturada para agir com alta capilaridade. As empresas fantasmas utilizadas no esquema não apenas serviam para ocultar as origens dos recursos, mas também garantiam a redistribuição das propinas de forma a dificultar o rastreamento pelas autoridades.

    Desdobramentos e expectativa de punições - A Operação Overclean segue em andamento, e novas informações devem ser reveladas à medida que o Ministério Público Federal (MPF) avança na análise do material apreendido. Com a movimentação bilionária identificada, as autoridades trabalham para rastrear os bens adquiridos com os recursos desviados e responsabilizar todos os envolvidos.

    A Polícia Federal e o MPF também investigam a participação de operadores políticos que atuaram para liberar emendas parlamentares e viabilizar convênios fraudulentos. 

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