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      Após Raquel Lyra deixar PSDB, partido retalia e entrega comando do diretório em Pernambuco a aliado de João Campos

      Intervenção nacional no diretório estadual aprofunda crise entre ex-tucana e cúpula do partido. Vice-governadora e 32 prefeitos pediram desfiliação

      Raquel Lyra e João Campos (Foto: Hesíodo Goes/Governo de Pernambuco)
      Paulo Emilio avatar
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      247 - Em reação direta à saída da governadora Raquel Lyra, o PSDB decidiu intervir no diretório estadual de Pernambuco e entregou o controle da legenda ao presidente da Assembleia Legislativa, Álvaro Porto. Desafeto declarado da governadora, Porto é aliado político do prefeito do Recife, João Campos (PSB), principal nome cotado para enfrentar Raquel na disputa pelo governo estadual em 2026. A manobra tucana representa um duro revés à estratégia da governadora, que havia deixado o PSDB em 10 de março para se filiar ao PSD, numa articulação nacional com o presidente da sigla, Gilberto Kassab.

      Segundo a Folha de S. Paulo, a intervenção frustrou os planos de Raquel de manter o PSDB entre os partidos aliados, mesmo após sua migração ao PSD. A manobra do partido ocorreu pouco depois da vice-governadora Priscila Krause, então no Cidadania, filiar-se ao PSDB em articulação com Raquel. Nesta segunda-feira (1º), menos de um mês depois, Krause anunciou sua desfiliação da legenda.

      "A decisão do PSDB nacional de intervenção no diretório de PE é ato que não dialoga com a democracia, que marcou a história da sigla", escreveu a vice-governadora em suas redes sociais. Além dela, 32 prefeitos tucanos também comunicaram a desfiliação nesta quinta-feira (3), incluindo o prefeito de Caruaru, Rodrigo Pinheiro, sucessor de Raquel. A expectativa é de que esses gestores também migrem para o PSD, que já reúne mais de 20 prefeitos filiados no estado.

      De acordo com o presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, a debandada já era prevista. “Já era esperado. Foi calculado. O partido adotou uma posição política ao entregar o comando a um chefe de Poder [Álvaro Porto] que está comprometido a fazer nominatas competitivas de candidatos proporcionais, especialmente à Câmara Federal, e participar com independência da discussão sobre a chapa majoritária”, afirmou à Folha.

      O PSDB tem como prioridade eleger deputados federais em 2026, e o filho de Álvaro Porto, Gabriel Porto, deve ser lançado como candidato a uma vaga na Câmara.

      Ainda de acordo com a reportagem, nos bastidores da legenda, dirigentes afirmaram que a decisão de Raquel em deixar o partido e articular a filiação de sua vice ao PSDB sem consultar a Executiva Nacional foi vista como uma ruptura unilateral. O episódio reavivou mágoas antigas: para membros da direção nacional, Raquel foi "ingrata" com o partido que lhe deu abrigo político em 2016, quando ela deixou o PSB e foi eleita prefeita de Caruaru pelo PSDB.

      A nova liderança tucana em Pernambuco, sob comando de Álvaro Porto, terá seis meses para organizar uma nova eleição interna no diretório estadual. Antigo apoiador de Raquel Lyra nas eleições de 2022, ele rompeu com a governadora no ano seguinte e desde então mantém posição de enfrentamento à gestão estadual.

      À frente da Assembleia Legislativa, Porto tem defendido uma agenda de independência em relação ao Executivo. Pautas que contrariaram os interesses do Palácio do Campo das Princesas foram aprovadas sob sua gestão. No entorno da governadora, a movimentação é interpretada como parte de uma estratégia para fragilizá-la e fortalecer João Campos, possível candidato ao governo estadual com o apoio tucano.

      A crise tende a se agravar nas próximas semanas. A Assembleia deve votar uma proposta de emenda à Constituição estadual que amplia o valor das emendas parlamentares impositivas de 0,8% para 2% da receita corrente líquida do estado. A medida retira margem de manobra do governo para decidir a aplicação dos recursos, contrariando interesses do Executivo.

      Além disso, Álvaro Porto deve acionar o Judiciário para cobrar o pagamento de R$ 97 milhões em emendas de 2024 que, segundo deputados, seguem pendentes, de um total de R$ 188 milhões.

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