BNDES e BNB investem R$ 8,8 milhões para restaurar a Caatinga e fortalecer cadeias produtivas no semiárido
A iniciativa faz parte do programa Floresta Viva, liderado pelo BNDES, com foco na restauração de biomas brasileiros
247 - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) anunciaram um investimento conjunto de R$8,8 milhões para financiar até quatro projetos de restauração ecológica na Caatinga e fortalecer a cadeia produtiva associada ao bioma. Os projetos serão selecionados por edital público, com execução prevista para até 48 meses, e devem abranger áreas mínimas de 100 hectares em unidades de conservação e regiões áridas do semiárido brasileiro. A iniciativa faz parte do programa Floresta Viva, liderado pelo BNDES, com foco na restauração de biomas brasileiros.
O anúncio foi feito nesta quarta-feira (27), durante uma reunião do Comitê Regional das Instituições Financeiras Federais (Coriff), na sede da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), no Recife (PE). Representantes do BNDES, BNB e Sudene destacaram a importância do programa para promover práticas sustentáveis e impulsionar o desenvolvimento regional.
Impacto ambiental e social no semiárido - As áreas prioritárias para os projetos estão localizadas no entorno de unidades de conservação em estados como Alagoas, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. A restauração poderá incluir territórios indígenas, quilombolas, assentamentos de reforma agrária, áreas de preservação permanente e reservas legais em imóveis rurais de pequeno porte.
“O bioma da Caatinga é fundamental para a soberania alimentar, a mitigação das mudanças climáticas e a preservação de uma biodiversidade única no mundo. Restaurar essas áreas é uma prioridade para promover o desenvolvimento sustentável e combater a desertificação”, destacou Aloizio Mercadante, presidente do BNDES.
Paulo Câmara, presidente do BNB, ressaltou que a iniciativa busca aliar preservação ambiental com crescimento econômico. “Queremos incentivar boas práticas que promovam o desenvolvimento sustentável e a conservação do bioma da Caatinga, integrando a região ao contexto de inovação e preservação ambiental.”
Conservação da biodiversidade e combate à crise climática - A Caatinga, que ocupa cerca de 10,1% do território nacional, é o único bioma exclusivamente brasileiro. Com características semiáridas e longos períodos de estiagem, abriga uma rica biodiversidade adaptada às condições extremas, incluindo diversas espécies endêmicas. Sua vegetação possui alta eficiência na captura de dióxido de carbono, funcionando como um importante sumidouro de CO2, o que a torna essencial no enfrentamento das mudanças climáticas.
Contudo, o desmatamento crescente ameaça a integridade do bioma. De acordo com dados do Mapbiomas, 46% da área original da Caatinga já foi desmatada, com uma aceleração significativa entre 2019 e 2022.
Detalhes do edital e prazos - As instituições interessadas em participar do programa devem ser organizações sem fins lucrativos, com pelo menos dois anos de atuação e experiência em conservação ambiental, desenvolvimento sustentável ou recuperação de áreas degradadas. O edital, que será conduzido pelo Fundo Brasileiro pela Biodiversidade (Funbio), aceita propostas até 21 de fevereiro de 2025.
Além do apoio financeiro, os projetos selecionados receberão acompanhamento técnico e deverão apresentar impactos positivos na regeneração ambiental e no fortalecimento de cadeias produtivas locais.
Floresta Viva: alcance global com foco local - O programa Floresta Viva, com meta de investir R$ 500 milhões ao longo de sete anos, visa restaurar entre 25 mil e 35 mil hectares de biomas brasileiros. Estima-se que a iniciativa retire entre 8 e 11 milhões de toneladas de CO2 da atmosfera ao longo de 25 anos, alinhando-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas e contribuindo para metas globais de biodiversidade.
“A Caatinga é um símbolo de resiliência e sustentabilidade. Com iniciativas como o Floresta Viva, não apenas preservamos o bioma, mas também criamos oportunidades para as comunidades locais, promovendo justiça social e ambiental”, concluiu Mercadante.
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