Além de Marielle, Freixo, Renato Cinco e Tarcísio Motta eram monitorados, diz Ronnie Lessa
Segundo o assassino de Marielle, os irmãos Brazão teriam infiltrado espiões no Psol para monitorar a vida de políticos do partido
247 -A delação homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, trouxe à tona detalhes alarmantes sobre espionagem de figuras do Psol. Segundo Lessa, o plano de vigilância não visava apenas Marielle, mas também outros membros importantes do partido.
Durante seu depoimento à Polícia Federal, obtido pelo Fantástico, da TV Globo, Lessa afirmou que os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão foram os responsáveis por infiltrar Laerte Silva de Lima e sua esposa, Erileide Barbosa da Rocha, no Psol. O casal, descrito como um “braço armado” da milícia de Rio das Pedras, atuava diretamente para obter informações sobre as atividades internas do partido, explica o g1.
“O Domingos, por exemplo, não tem papas na língua. Ele simplesmente fala que colocou, digamos assim, um espião no Psol, no partido da Marielle. E o nome desse espião seria Laerte, que é uma pessoa do Rio das Pedras, que depois eu soube se tratar de um miliciano. Uma pessoa responsável por várias atividades da milícia lá. E essa pessoa trazia informações para os irmãos com relação ao Psol em si,” declarou Ronnie Lessa em depoimento.
Além de Marielle, a espionagem se estendia a outros políticos do Psol. Nomes como Marcelo Freixo, Renato Cinco e Tarcísio Motta também eram alvos de interesse. "Ele falava sempre do Marcelo Freixo. Falava do Renato Cinco. Tarcísio Motta... E demonstrava, assim, um interesse diferenciado por essas pessoas," continuou Lessa.
Em resposta às revelações, Marcelo Freixo declarou que Ronnie Lessa “é um psicopata.” “Quantas pessoas ele matou antes da Marielle? A psicopatia dessa pessoa, bem como sua covardia, se somam a um Rio de Janeiro onde crime, polícia e política não se separam,” afirmou.
A filiação de Laerte e Erileide ao Psol ocorreu em abril de 2017, coincidindo com o período em que Lessa começou a pesquisar na internet sobre Marcelo Freixo, uma das figuras mais proeminentes do partido. Em 2019, Lessa admitiu ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) ter buscado informações sobre o então deputado federal.
O Psol, por sua vez, declarou que o casal foi expulso do partido em dezembro de 2020. “Sua real atuação já era de conhecimento do partido desde meados de 2019, mas não foram tomadas iniciativas por estarem sob investigação. Os fatos mostram que as milícias não possuem limites em sua atuação criminosa e contam, por muitas vezes, com o apoio de agentes do Estado, quando eles próprios não o são,” disse o partido em nota oficial.
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