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    Condenada, aluna que desviou R$ 900 mil de formatura da USP consegue registro de médica

    O nome da recém-formada aparece no site do órgão como "inscrito" desde 26 de dezembro de 2024, com situação "regular" e sem especialidade registrada

    Alicia Dudy Muller (Foto: Reprodução)
    Redação Brasil 247 avatar
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    247 - Mesmo condenada a cinco anos de prisão pelo desvio de quase R$ 1 milhão da festa de formatura da turma de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), a jovem Alicia Dudy Muller Veiga conseguiu o registro como médica no Conselho Federal de Medicina (CFM). De acordo com informações do jornal Estado de S.Paulo, o nome da recém-formada aparece no site do órgão como "inscrito" desde 26 de dezembro de 2024, com situação "regular" e sem especialidade registrada.

    Alicia foi sentenciada em julho de 2024 pelo crime de estelionato, após a Justiça considerar que ela usou dinheiro da comissão de formatura para fins pessoais. Na época, sua defesa negou as acusações e anunciou que recorreria da decisão.  A reportagem tentou contato com seus advogados para esclarecimentos sobre o registro médico e o cumprimento da pena, mas não obteve resposta.

    O golpe da formatura

    O caso veio à tona no início de 2023, quando estudantes de Medicina da USP registraram um boletim de ocorrência contra a então colega de turma. Alicia era presidente da comissão de formatura e, segundo as investigações, utilizou os valores arrecadados pelos alunos para gastos pessoais, incluindo a compra de celulares, relógios, aluguel de carros e despesas com moradia.

    A denúncia do Ministério Público, assinada pelo promotor Fabiano Pavan Severiano, apontou que a jovem realizou transferências bancárias em benefício próprio por pelo menos oito vezes, totalizando R$ 927.765,33. Ela ainda tentou um nono repasse, em janeiro de 2023, mas a empresa responsável pela organização da festa já estava ciente da situação e recusou a transação.

    Em um primeiro momento, Alicia negou o desvio de dinheiro. Posteriormente, admitiu aos colegas de turma que havia perdido os recursos, alegando que os valores foram investidos em uma aplicação financeira fraudulenta.

    Histórico de acusações

    Além da condenação pelo golpe da formatura, Alicia Dudy Muller Veiga é alvo de outro inquérito por suspeita de lavagem de dinheiro e estelionato. Em julho de 2022, a jovem teria aplicado um golpe em uma lotérica, gastando mais de R$ 400 mil em apostas. No entanto, em sua última tentativa de jogo, teria deixado de pagar R$ 192 mil ao estabelecimento.

    A Polícia Civil investiga se o dinheiro usado nas apostas veio do montante desviado da formatura. Esse caso, contudo, ainda não foi julgado.

    Registro médico e polêmica

    Apesar da condenação e do histórico de investigações, Alicia obteve seu registro profissional no CFM e pode atuar como médica no Brasil. A regularização de sua inscrição levanta questionamentos sobre os critérios de concessão do CRM, já que não há impeditivo automático para condenados pela Justiça exercerem a profissão.

    O caso segue gerando repercussão e levanta debates sobre ética profissional e as consequências de crimes financeiros para o futuro acadêmico e profissional dos envolvidos.

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