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Em depoimento ao júri, Ronnie Lessa relata com frieza os detalhes da morte de Marielle Franco

Mãe e filha da vereadora assassinada precisaram ser amparadas durante o depoimento do ex-PM

Praia em Angra dos Reis, caminhonete Dodge Ram, Marielle Franco e Ronnie Lessa (Foto: Reprodução | ABR)

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247 - O julgamento do assassinato da veredadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes, que teve início nesta quarta-feira (30) e prossegue nesta quinta (31), alcançou o pico de tensão com o depoimento do ex-policial militar Ronnie Lessa. Ele confessou ter disparado contra a vereadora, relatando o crime com frieza . As declarações de Lessa, segundo o jornal O Globo, provocaram fortes emoções entre os presentes, especialmente na família de Marielle, que assistiu em silêncio ao depoimento. O ambiente ficou ainda mais carregado quando Luyara e Marinete, filha e mãe da parlamentar, deixaram o plenário em lágrimas, amparadas por outros familiares.

A assistência de acusação questionou Lessa se ele havia mirado na cabeça da vereadora durante os disparos. Sua resposta foi direta: “foquei.” O ex-policial militar, que depôs por videoconferência, revelou que já tinha a intenção de assassinar Marielle no dia do crime, planejando a emboscada após um evento na Lapa, em uma área próxima a um prédio da Polícia Civil. “Fazer perto do pátio da Polícia Civil seria uma afronta maior ainda”, afirmou ele, evidenciando o desprezo pela posição da vereadora.

Lessa narrou os detalhes da perseguição ao carro em que estavam Marielle e seu motorista, Anderson Gomes. Ele descreveu a velocidade com que o motorista dirigia e como, ao pararem em um sinal vermelho, Élcio de Queiroz, que dirigia o carro utilizado no crime, emparelhou o veículo para que ele pudesse atirar.

 Para tentar livrar-se da acusação de homicídio de Anderson, alegou que a morte dele foi um acidente devido ao uso de munição inadequada: “Se fosse um revólver, só a vereadora teria morrido.” Lessa também revelou que recebeu uma proposta de Edmilson Oliveira da Silva, conhecido como Macalé, no final de 2016, para realizar o assassinato, inicialmente direcionado ao deputado Marcelo Freixo, que ele considerou “inviável”.

Quando o nome de Marielle foi sugerido, uma das condições impostas pelos mandantes era que o crime não ocorresse nas proximidades da Câmara Municipal, o que adiou a execução para março de 2018. O ex-PM também disse que Élcio só soube que Marielle era o alvo no dia do crime, quando recebeu a foto da vereadora.

A defesa de Lessa tentou minimizar a gravidade do caso ao permitir que ele falasse sobre seus bens adquiridos após deixar a polícia. Em um momento de tentativa de defesa, Lessa argumentou que seu patrimônio, que inclui uma lancha e uma casa na Barra da Tijuca, era fruto de “dinheiro suado, limpo.”

Por fim, o ex-PM expressou arrependimento e pediu perdão às famílias das vítimas, afirmando que “perder um filho deve ser a coisa mais triste do mundo.” Ele terminou sua declaração confessando que se sentiu aliviado ao confessar o crime e expressou sua esperança de que a Justiça fosse feita.

Após o depoimento de Lessa, Élcio de Queiroz também prestou seu testemunho. Ambos assinaram acordos de delação premiada. 

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