Entenda o esquema de lavagem de dinheiro do PCC em empresas de ônibus de São Paulo
Ação visou desmantelar esquema de lavagem de recursos e sonegação de tributos de uma das maiores facções criminosas do País por meio de duas empresas de ônibus da capital paulista
247 - A Receita Federal, o Ministério Público de São Paulo, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a Polícia Militar e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deflagraram a Operação Fim de Linha nesta terça-feira (9), apontando um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo o Primeiro Comando da Capital (PCC) e duas empresas de transporte público, Transwolff e UpBus. As empresas, que juntas operam 10% das linhas de ônibus da capital paulista, são acusadas de movimentar R$ 20,9 milhões obtidos ilicitamente pela facção entre 2020 e 2022.
Décio Gouveia Luiz, ou Décio Português, ascendeu à alta cúpula do PCC após um período na prisão com Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder da facção. Recentemente liberado da prisão, ele figura como um dos sócios da UpBus, apontada como uma das fachadas para a lavagem de dinheiro. A operação culminou na prisão de 18 pessoas vinculadas às empresas, além do bloqueio judicial de mais de R$ 600 milhões em ativos dos investigados, incluindo carros de luxo e imóveis.
Funcionamento do Esquema - Segundo investigações, o dinheiro "sujo" proveniente de tráfico de drogas, roubos e outras atividades ilícitas do PCC era injetado nas empresas de ônibus através de intermediários, conhecidos como laranjas, que tinham a tarefa de ocultar o patrimônio. Estes laranjas aportavam capital e faziam aquisições de ônibus para as empresas, que posteriormente distribuíam dividendos, apesar de registrarem prejuízos em seus balanços.
As empresas também se envolviam em compensações tributárias fraudulentas, utilizando créditos inexistentes que somaram ao menos R$ 25 milhões. Após compensarem esses valores, as empresas continuavam participando de licitações públicas.
Luiz Carlos Efigênio Pacheco, conhecido como Pandora, dono da Transwolff, foi capturado em um condomínio de alto padrão em Itu, equipado com hípica, heliponto, e outras facilidades de luxo. A operação revelou que os dirigentes das empresas envolvidas ostentavam um estilo de vida extravagante, com propriedades de luxo, lanchas e carros esportivos de alto valor.
Intervenção Municipal - Em resposta à operação, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, decretou intervenção nas empresas Transwolff e UpBus para assegurar a continuidade do serviço de transporte público. Valdemar Gomes de Melo e Wagner Chagas Alves, da SPTrans, foram nomeados interventores, respectivamente. O prefeito assegurou que não haverá interrupções no serviço de transporte público e que todos os fornecedores continuarão a ser pagos. (Com informações da Folha de S. Paulo).
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