Integrante da bancada evangélica, Otoni de Paula afirma que Bolsonaro era 'arrogante' com religiosos
"Acharam que Bolsonaro dizer 'vote em fulano' bastava", afirmou o deputado, que também adotou um tom pessimista em relação ao PT
247 - Uma das lideranças da bancada evangélica, o deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), criticou Jair Bolsonaro (PL) e afirmou que o político de extrema-direita demonstrou "arrogância" no trato com as igrejas.
"Acharam que Bolsonaro dizer 'vote em fulano' bastava. Isso é arrogância; a igreja evangélica não vai a reboque. O eleitor vota em quem faz políticas públicas que chegam até ele, e o evangélico não é diferente. No caso dos programas sociais do governo federal, os mais beneficiados são os evangélicos, pois temos maior penetração na base da pirâmide", disse ao jornal O Globo.
"Eu nunca fui do partido de Bolsonaro, meu voto não vem do 'bolsominion'. Eu sou de uma igreja, o Ministério de Madureira (da Assembleia de Deus), que não se submete à política do momento, e que, por isso, consegue estar à frente de várias lutas dos evangélicos. E acho que a eleição deste ano deixou a lição de que é preciso haver mais humildade e diálogo com as lideranças evangélicas. A igreja evangélica não tem papa, ela é plural."
A pesquisa Datafolha, divulgada em 27 de outubro de 2022, a três dias do segundo turno da eleição presidencial, mostrou o petista com 55% dos votos entre os eleitores católicos, enquanto Bolsonaro obteve 39%. No eleitorado evangélico, o político de extrema-direita conquistou 62%, e Lula, 32%. Em nível nacional, o atual presidente da República venceu por 50,9% a 49,1% no segundo turno.
Ao comentar sobre o atual governo, o deputado Otoni de Paula afirmou que "Lula e o PT foram consumidos por uma pauta identitária que é claramente oposta à nossa visão". "Embora Lula diga que não defende essas pautas, a partir do momento em que permite que seus ministros defendam pautas como o aborto, isso cria um abismo imenso com a maioria dos evangélicos, que são conservadores. Um gesto como o de sancionar o Dia da Música Gospel não é suficiente", continuou.
"Para haver uma aproximação entre Lula e a igreja, o presidente teria que reinventar a si mesmo e ao PT, e isso não vai acontecer. Mas esse abismo não me impede de orar. Jesus sempre abriu diálogo com quem a religião jamais conversaria: prostitutas, cobradores de impostos".
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