Júri do caso Marielle é composto apenas por homens
Duas mulheres selecionadas para integrar o júri foram dispensadas pelas defesas dos réus confessos Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz
247 - Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, os assassinos confessos da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes, iniciam nesta quarta-feira (30), no 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro, o julgamento que promete ser um marco na busca por justiça. O corpo de jurados, formado por sete homens, foi escolhido após um sorteio que ocorreu às 9h55, embora o início da audiência estivesse inicialmente agendado para às 9h. Segundo o jornal O Globo, apesar de haver duas mulheres selecionadas para integrar o júri, elas foram dispensadas pelas defesas dos réus.
Ronni Lessa e Élcio de Queiroz enfrentam acusações que incluem duplo homicídio triplamente qualificado — motivado por torpeza, emboscada e recurso que dificultou a defesa da vítima — e tentativa de homicídio contra Fernanda Chaves, a única sobrevivente do ataque. O crime ocorreu há seis anos e sete meses, em 14 de março de 2018, no bairro Estácio, no coração do Rio de Janeiro.
O assassinato de Marielle Franco, uma das vozes mais proeminentes em defesa dos direitos humanos e das minorias, foi perpetrado logo após ela deixar um evento na Casa das Pretas, um espaço dedicado a mulheres negras. Naquele dia, Marielle embarcou no carro de Anderson, quando foram abordados pelo veículo de Lessa e Queiroz. Armados com uma submetralhadora HK MP5, os assassinos dispararam múltiplos tiros, atingindo Marielle quatro vezes no rosto, enquanto o motorista também foi gravemente ferido. Ambos morreram no local.
Os réus foram detidos menos de um ano após o crime e, em um desdobramento significativo, assinaram delações premiadas com a Polícia Federal. Essas delações começaram a revelar detalhes do planejamento e execução do crime, além dos supostos mandantes, como os irmãos Domingos Brazão, Chiquinho Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa.
O julgamento, que deve se estender até a madrugada, contará com a oitiva de várias testemunhas. Ainda conforme a reportagem, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) convocou sete pessoas, incluindo Fernanda Chaves, que testemunhará sobre os eventos daquela noite fatídica. Também serão ouvidas Marinete da Silva, mãe de Marielle; Mônica Benício, sua viúva; Ágatha Reis, viúva de Anderson; uma perita criminal; e dois agentes da Polícia Civil.
Após as testemunhas de acusação, as defesas de Lessa e Queiroz apresentarão seus argumentos. A defesa de Lessa indicou testemunhas, incluindo um agente federal e um delegado da Polícia Federal, enquanto a defesa de Queiroz dispensou as testemunhas que havia solicitado.
O juiz Gustavo Kalil, inicialmente designado para presidir o júri, será substituído pela juíza Lúcia Glioche. Os réus participarão do julgamento por videoconferência: Lessa do Complexo Penitenciário de Tremembé, em São Paulo, e Queiroz do Complexo da Papuda, em Brasília. Algumas testemunhas também poderão prestar depoimento de forma virtual, em uma medida para evitar aglomerações no tribunal.
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